pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: A farra dos planos de saúde.
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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Editorial: A farra dos planos de saúde.


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Por ocasião de um artigo produzido a partir de uma palestra sobre violência urbana, proferida no Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Pernambuco, o cientista político Michel Zaidan Filho usou uma expressão - tomada emprestado do professor Luciano Oliveira - para se referir àquela massa de deserdados, promovida pelas consequências das políticas de supressão de direitos e garantias sociais que trazem, no seu bojo, a agenda ultra-liberal ora em curso no país: O termo é curioso: rebotalho social. Ao cientista político preocupava o aumento exponencial de nossa população carcerária - a que mais cresce no mundo - majoritariamente formada por esse rebusto, composta por cidadãos alijados da plataforma consumista do capitalismo, ou seja, estão desempregados, não compram, não vendem, não possuem conta bancária, crédito bancário ou coisa parecida. Já contamos com 600 mil presidiários e, como disse, num crescente assustador. Nesse ritmo, não nos surpreenderia se logo ultrapassássemos os Estados Unidos, hoje o país campeão em população carcerária.

Diante dessas políticas ultra-liberais, o contingente de rebusto social tende a aumentar sensivelmente. Recentemente foram divulgados os lucros das operadoras de planos de saúde. Os R$ 178,7 bilhões anunciados chega a ser superior aos PIBs de vários Estados brasileiros, além de todo o orçamento do Ministério da Saúde para 2017, no limite de R$ 125 bilhões. O quadro é extremamente pernicioso para o cidadão, haja vista as medidas adotadas recentemente, que permitem que os planos de saúde continuem cobrando mensalidades extorsivas àqueles clientes idosos, cujas rendas decaíram, num momento em que eles mais precisam de assistência. Um quadro agravado pelo sintonia do aparelho de Estado com as operadoras de um dos negócios mais lucrativos do mundo. Eles possuem um lobby fortíssimo no Poder Legislativo, além de indicarem nomes para defenderem seus interesses na ANS. Com isso eles fecham o "circuito exploratório", deixando o cidadão à míngua. Num país que a cada dia desrespeita mais as suas leis, o estatuto do idoso foi jogado na lata de lixo, assim como outras tantas leis que garantiam um mínimo de respeito aos trabalhadores, cidadãos e cidadãs brasileiros. Isso não chega a ser surpresa, quando se sabe que a Constituição Cidadã e a CLT também estão sendo violentamente desrespeitadas.  

 
O desenho social da sociedade brasileira para os próximos anos, mantidas essas condições de arranjo político, será catastrófico. Quem pode desembolsar até R$ 9 mil reais por mês para custear as despesas de um plano de saúde? Um absurdo que o aparelho de Estado e o Poder Legislativo estejam fazendo o jogo desses empresários, que patrocinam suas campanhas com poupudas doações. Todos nós sabemos das grandes dificuldades enfrentadas pelas rede pública de saúde no Brasil, em todas as esferas. Muitos hospitais universitários também estão operando no limite, em razão dos cortes orçamentários. Vivemos uma profunda crise de representatividade, já observada por analistas sociais como o sociólogo Manuel Castells. Os caras não representam nossos interresses, mas o interesse desses grupos, com forte lobby nas casas congressuais. Essa é hoje a utilidade dessas casas legislativas, ou seja,  afinar-se com o lobby forte do capital - financiador de suas campanhas -; proteger seus comparsas, como ocorreu no Rio de Janeiro recentemente; além de conceder títulos de cidadania precários e inconsistentes a esta ou aquela personalidade. Aqui no Recife, até os eleitos com o slongan de mandato necessário, tiveram dificuldiades em abrir o processo de recolhimento de assinatuas necessárias para a abertura de uma proposta de CPI acerca da Operação Torrentes. 

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