pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: A propensão autoritária do brasileiro
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sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Editorial: A propensão autoritária do brasileiro

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As pesquisas de opinião e as de intenção de voto - sobretudo essas últimas - sempre costumam causar muitas polêmicas. Particularmente não vejo problema que isso ocorra, apenas aconselho olhar os números com mais cuidado, dentro do seu contexto, de preferência - conforme aconselhava o professor José Carlos Wanderley -acrescentar alguma variável interveniente aqui e ali, para se apurar, com mais rigor, os dados apresentados por uma pesquisa. A última delas, publicada pelo jornal Folha de São Paulo, por exemplo, traz alguns dados curiosos: a profunda rejeição do brasileiro aos políticos envolvidos em corrupção, ao mesmo tempo em que apresenta o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - já condenado e bastante encrencado nos rolos da Operação Lava Jato - liderando em todos os cenários, tornando-se imbatível num eventual segundo turno. Aparentemente, trata-se de uma contradição. Mas só aparentemente, porque o eleitorado fiel ao ex-presidente pode pensar, por exemplo, que Lula é inocente, vítima de um grande complô para inviabilizá-lo politicamente. Lula talvez não tenha vencido a guerra de comunicação.

 
Até bem pouco tempo, se pensava que a nossa democracia estava em céu de brigadeiro, a um passo de sua consolidação. Isso ocorria um pouco antes do golpe institucional de 2016, que afastou a ex-presidente Dilma Rousseff, legítima e legalmente eleita, através de um processo de impeachment profundamente duvidoso. Veio o golpe institucional - de um novo tipo - e agora os assanhamentos da caserna, numa perspectiva que aponta para o seu recrudescimento. As informações sobre a saúde de nossa democracia não são nossas, mas de organismos internacionais que se dedicam a monitorar esse sistema de governo em todo o mundo, com base em critérios como eleições regulares e limpas, o funcionamento das instituições, o respeito ao Estado Democrático de Direito, entre outras variáveis. Nos governos da coalizão petista, o país avançou significativamente naquilo que denominamos de democracia substantiva, ou seja, obteve uma melhor distribuição de "recursos", ao retirar mais de 35 milhões de brasileiros da extrema pobreza. 


A relação entre democracia política e democracia econômica, também suscita muitas controvérsias, mas, salvo naqueles casos onde o tirano de turno utiliza os recursos naturais do país para perpetuasse no poder - conhecida como "a maldição do petróleo" - convém enfatizar a importância de um equilíbrio entre essas duas instâncias como um fato importante para a ampliação do processo democrático. Demandas sociais e econômicas não atendidas geram protestos e insatisfações na população, comprometendo todo o edifício democrático, em última análise, sobretudo nesses dias bicudos de hoje, quando esses protestos são respondidas com intensas repressões. Neste sentido, as conquistas sociais da era Lula/Dilma foram muito importantes para construir esse equilíbrio. Uma pena que nossa elite - a mais cruel do mundo - vejo o mundo apenas a partir dos seu umbigo. Aliás, cumpre aqui fazer o registro que o perfil de nossa elite talvez seja o maior empecilho para a viabilidade da democracia entre nós. 


Mas, assim com existem mecanismos para aferir a saúde de uma democracia, o jornal Folha de São Paulo de hoje, 06, traz uma matéria interessante acerca da criação de um índice para apurar a propensão autoritária de uma sociedade. Na realidade, um índice de propensão ao apoio de posições autoritárias, criado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública(FBSP). Também neste índice, o país não vai assim muito bem das pernas, ou seja, numa escala crescente que vai de 0 a 10, atingimos a média de 8,1. No dia a dia, com os constantes registros de práticas de crimes de intolerância, isso já seria perceptível, mas cabe aqui ainda observar os comentários dos editorialistas do jornal: "A constatação mostra-se ainda mais relevante quando os brasileiros começam a se preparar para a corrida eleitoral do próximo ano, num contexto político e social instável, em tese propício a aventuras populistas e autoritárias. A última pesquisa de intenção de voto do Instituto Datafolha, por exemplo, mostrou que entre 15% a 16% dos brasileiros estariam dispostos a embarcar numa aventura do tipo, creditando seu voto em candidatos com o perfil de um Jair Bolsonaro que, em meio a tantas tragédias provocadas pelo uso de armas, numa manifestação pública recente, afirmou que iria armar os brasileiros. 

A charge que ilustra este editorial é do cartunista Benett   

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