pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: A oficialização da Conspiração Macambirense
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terça-feira, 29 de agosto de 2017

O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: A oficialização da Conspiração Macambirense






José Luiz Gomes da Silva

Cientista Político



Há alguns meses atrás, o movimento de alguns atores políticos na quadra estadual nos permitiram antever um "novo" conjunto de forças políticas que se integravam no sentido de constituir-se como opção oposicionista ao Palácio do Campo das Princesas. Talvez pudéssemos falar aqui, na realidade, num realinhamento dessas forças, que passaram a integrar dissidentes da base aliada do Governo Paulo Câmara(PSB) e até mesmo atores políticos do núcleo familiar a ele ligado, como o escritor Antonio Campos(Podemos), irmão do ex-governador Eduardo Campos. O nome do senador Armando Monteiro, do PTB, antes tido como o principal nome da oposição, em certa medida, passou a ser "ofuscado" pela desenvoltura de alguns atores desse conjunto de forças, embora o martelo ainda não tenha sido batido no tocante à formação da chapa. Há uma profusão de nomes para o Senado Federal, por exemplo, o que nos recomenda cautela sobre citações. Se o destino do senador Fernando Bezerra Coelho for mesmo o PMDB, está aberta até mesmo uma negociação com o Deputado Federal Jarbas Vasconcelos.  

Embora a migração do senador FBC para o PMDB seja um pouco mais complicada, ainda mais complicado seria Jarbas Vasconcelos aceitar uma possível composição com o PT na chapa situacionista, como se especula. Com as barbas de molho, ele já admite uma candidatura a Deputado Federal, ampliando a margem de manobra do seu sobrinho político, Raul Henry(PMDB-PE), na composição da chapa palaciana. Já há algum tempo se fala que o Palácio do Planalto teria interesse em entregar a legenda peemedebista no Estado à família Coelho. Negociações neste sentido existem, mas eles hoje estão mais próximos dos Democratas. Fernando Bezerra não dá um passo no Estado que não seja acompanhado do ministro da Educação, Mendonça Filho(DEM). Aliás, os quatro ministros de Pernambuco no Governo Temer(PMDB) estão bastante integrados. Todos eles estavam presentes no encontro político de Caruaru, onde praticamente foi selada a nova aliança política do Estado, que deve concorrer ao Palácio do Campo das Princesas, nas eleições de 2018.

Calouro nos bancos do CFCH-UFPE, havia um professor que minimizava o trabalho dos jornalistas e historiadores. Ele enfatizava que esses profissionais não antecipavam os acontecimentos, trabalhando sempre com o pós-facto, ou seja, analisavam situações já ocorridas. Não sem algum exagero, puxava a brasa para o lado dos cientistas políticos. Até mesmo um pouco antes do término das últimas eleições municipais no Estado, já era possível antever a aglutinação de algumas forças políticas oposicionistas. Novamente, a cidade de Caruaru voltava a ser um palco importante nesse rearranjo de forças políticas. Havia ali alguns dados emblemáticos, como, por exemplo, a eleição de Raquel Lyra(PSDB) para gerir os destinos da capital do Agreste, o que significou uma derrota para o Palácio do Campo das Princesas, que havia afastado a família Lyra do comando do PSB municipal. Não sem motivo, denominamos essa nova aliança política de "Conspiração Macambirense", numa referência à fazenda Macambira, da família Lyra, um termômetro político do Estado. Estávamos certos e antecipamos os fatos. 

Emblematicamente, a oficialização dessa aliança se deu na cidade de Caruaru, por ocasião de um evento do Minha Casa Minha Vida, programa do Ministério das Cidades, que reuniu os principais nomes desse novo agrupamento, além de uma penca de prefeitos, o que deve ter deixado o Campo das Princesas de orelha em pé. Fala-se em cinco dezenas, alguns deles, em tese, da base situacionista. Aliás, agindo em conjunto, esse novo grupo está trazendo um montante de recursos razoáveis para o Estado, em plena crise econômica, com os prefeitos de pires na mão, o que é um perigo. Somente Bruno Araújo(PSDB-PE), das cidades, já teria carreado para o Estado um montante de mais de três bilhões. Mendonça Filho(DEM-PE), da Educação, por sua vez, não poupou esforços para ampliar o campus da UNIVASF para a cidade de Salgueiro,no Sertão Central. Num passado recente, esta cidade foi um reduto tradicional de uma arraesista histórica, Creuza Pereira. Salgueiro é uma das cidades mais importantes do Sertão, contribuindo para ampliar a capilaridade politica dos Coelhos na região.

Aliás, como enfatizou o senador Fernando Bezerra Coelho em seu discurso, convém ficar atento à densidade eleitoral do grupo, uma vez que eles reúnem, de princípio, as cidades de Petrolina, Caruaru e, possivelmente, Jaboatão dos Guararapes, uma vez que tanto Armando Monteiro quanto Fernando Bezerra possuem um bom trânsito junto à família Ferreira. Ou seja, em tese, eles detém o controle do chamado "Triângulo das Bermudas". O curioso é que, embora de malas prontas para sair do ninho socialista, em sua fala, FBC fez referência ao ex-governador Eduardo Campos. A essa altura, o técnico já tem o time escalado, mas só será anunciado quando estivermos mais próximo do jogo. Como observou o cientista político Michel Zaidan, num seminário, outro dia, na UFPE, quando está em jogo seus "interesses", a direita sempre chega a um acordo. Suas discordâncias são cosméticas. No essencial, eles sempre concordam.

Este grupo está bastante coeso em torno da agenda ultra-liberal ora em curso no país. Não tenho dúvidas em apontar o "engomadinho", João Dória(PSDB-SP) como o candidato presidencial do grupo. Mais uma vez, todos eles estavam prestigiando a sua passagem pelo Recife, quando realizou uma palestra no Lide-PE. A foto publicado acima é bem elucidativa. Em seu discurso, o senador Fernando Bezerra Coelho fez questão de defender o Governo do presidente Michel Temer. Trata-se de uma aliança chapa-branca, que contingencia os socialistas, quem sabe, buscarem abrigo na roupagem de esquerda do passado. Neste sentido, pode até evoluir as negociações com o Partido dos Trabalhadores. Esta centrífuga direitista diminuiu sensivelmente os espaços políticos de atuação das forças do campo progressista. Se o PT abdicar de uma candidatura própria com a vereadpra Marília Arraes(PT), o leque de opções do eleitorado ficará com um perfil bastante conservador no Estado.    

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