pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Greve Geral: O despertar do sono político que produziu o monstro.
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sábado, 29 de abril de 2017

Editorial: Greve Geral: O despertar do sono político que produziu o monstro.


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No dia de ontem, 28 de abril, o país parou para protestar contra as reformas trabalhista e previdenciária, ora em apreciação no Legislativo. Não se traduz em nenhuma surpresa os noticiários dos jornais do dia de hoje, ora apontando o êxito da paralisação organizada pelos trabalhadores, ora tratando-a como um grande fiasco, em consonância com o status quo golpista vigente. Por incrível que possa parecer, talvez o leitor mais consciente deva procurar informações mais isentas sobre o assunto na imprensa internacional que, no geral, apontam que o governo do temerário e o congresso nacional estão assustados com essa mobilização, assim como com os seus reflexos na aprovação da agenda neoliberal que se tenta infligir aos trabalhadores brasileiros, caracterizada pela subtração de direitos e minimização do Estado. 

De acordo com o analista político do Diap, Antonio Augusto de Queiroz, essa é a quarta tentativa do establishment em impor essa reforma aos brasileiros.Poderia acrescentar aqui que, em nenhum outro momento eles encontraram condições assim tão favoráveis, sobretudo se entendermos a apatia que havia tomado conta dos brasileiros, numa tese atribuída a Aristides Lobo, de que o povo assiste a tudo bestializado. Não mais. Os brasileiros parecem ter se dado conta das consequências dessas reformas em andamento, com propósitos bem claros naquilo que concerne à adoção do famigerado receituário do Consenso de Washington, de consequências nefastas para aqueles que ocupam o andar de baixo da pirâmide social, que ficam absolutamente desprotegidos pelo Estado e à mercê do mercado, que apenas valoriza os chamados cidadãos consumidores. 

A mobilização dos trabalhadores brasileiros em torno dessa greve geral, ocorrida no dia de ontem, nos traz algumas lições importantes. A primeira dela diz respeito a uma espécie de "despertar do sono profundo que produziu o monstro", uma referência feliz do filósofo Gabriel Cohen ao abordar a nossa "anestesia democrática", ou seja, a convicção equivocada que tínhamos sobre a impossibilidade de um retrocesso institucional. Desta vez tivemos um golpe de um novo tipo, com o componente perigoso do apoio do ativismo judiciário, o que interditou a "arbitragem constitucional", assim como fomentou a "criminalização" dos protestos. Os ativistas precisam ficar atentos para essa nova forma de enfrentamento do aparelho de Estado. Nesta lógica, a "criminalização" proporciona um menor custo ao aparelho de Estado e um dano maior ao indivíduo. Em São Paulo há dezenas de militantes políticos respondendo a processos por terem participado daquelas manifestações das Jornadas de Junho. 

Um outro dado relevante nessa mobilização pela greve geral do último dia 28 é a "qualificação do movimento", ou seja, aquela sensação de que essa mobilização precisa ser permanente, para surtir os efeitos necessários, pressionando o Legislativo e Executivo no que se refere a essas reformas ora em curso. Oxalá essa nossa percepção esteja correta, a julgar pela denúncia explícita daqueles parlamentares que estiveram apoiando esse processo, o que significa um ônus inescapável nas próximas eleições programadas para outubro de 2018. É bom que seja assim. É bom que essas pressões populares continuam acossando o legislativo e um governo ilegítimo, temerário, com uma ampla rejeição popular.  


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