pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: A defesa de Lula
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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Editorial: A defesa de Lula



Os jornais estão repercutindo bastante o fato, mas, aqui para nós, vocês acham mesmo que o juiz Sérgio Moro iria recusar alguma denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo que se tratasse de uma denúncia fajuta, sem a menor consistência? Pois bem. Ele aceitou esta última e Lula tornou-se réu pela 5ª vez. Na cúpula petista existe uma grande controvérsia em torno da estratégia adotada pelos advogados que cuidam de defesa do ex-presidente Lula. Segundo essas fontes descontentes, os advogados estariam centrando esforços numa perspectiva muito mais política, quando deveriam ater-se aos aspectos técnicos. Sinceramente, não sei se, de fato, é este o problema. 

Existe contra Lula uma espécie de má-vontade jurídica que nenhuma estratégia seria capaz de se contrapor. Adotar uma estratégia "política" pelos advogados de Lula já foi uma opção de quem compreendeu que o seu julgamento é eminentemente político e não jurídico. As falhas técnicas, por assim dizer, são clamorosas desde o início e, num Estado de Exceção, caracterizado por uma grande insegurança jurídica, elas vão passando de instância em instância, sem que alguém se aperceba sobre a grande anomalia que está em curso, com o intento de desconstruir e inviabilizar a imagem pública do maior capital político das classes sociais menos abastadas deste país. Até recentemente, este magistrado ficou bastante incomodado com a "inconveniência" da defesa do ex-presidente, durante uma dessas audiências. Chegou a cortar o microfone de um dos seus defensores.

Houve um momento em que a defesa do ex-presidente Lula portou-se de forma muito resiliente. E foi bastante criticada por isso, em razão de não reagir de forma veemente às inúmeras ilações diárias dirigidas ao ex-presidente. Agora está sendo criticado exatamente pelo contrário, ao interpelar judicialmente jornalistas, membros do Ministério Público e recorrer aos tribunais internacionais para denunciar as falhas "técnicas" - ou as reais intenções políticas - nos processos que correm contra o ex-presidente. Não vejo como criticar a defesa do ex-presidente. Pelo contrário, há razões de sobre para elogiar o seu comportamento altivo, nos momentos em que são solicitados. Quem, na realidade, precisa fazer alguns reparos aos seus procedimentos é o poder judiciário brasileiro. 

Agora, por exemplo, durante a ouvida de uma testemunha de acusação contra o ex-presidente, ocorreu um incidente que deveria ter sido evitado pelo juiz condutor do caso. A testemunha dirigiu impropérios aos advogados de Lula, e o juiz assistiu a tudo de forma impassível, não repreendo a testemunha, em mais um flagrante de enviesamento do processo. Na ausência de um qualificativo melhor, o país vive um momento de "relativismo" jurídico, onde o que está em jogo, na realidade, é o que o julgado "representa". E a opinião que conta é apenas a opinião do julgador. E o que é que Lula representa neste momento conturbado do país: democracia representativa, eleições livres, garantias dos direitos dos trabalhadores, políticas redistributivas, justiça social, Estado Democrático de Direito, garantias constitucionais etc. Ou seja, uma agenda que não se coaduna com regimes de força ou autoritários. Lula é a antítese de tudo isso. Ou por acaso alguém ainda acredita que a cruzada que se move contra ele tem algo a ver com corrupção? Guiada por essa gente? 

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