pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições de 2016, no Recife: O candidato João Paulo é agredido em restaurante. Que tempos são estes em que é preciso defender o óbvio?
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sábado, 10 de setembro de 2016

O xadrez político das eleições de 2016, no Recife: O candidato João Paulo é agredido em restaurante. Que tempos são estes em que é preciso defender o óbvio?


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José Luiz Gomes


Infelizmente, chegamos a um estágio bastante delicado no país. Um estágio político pré-ditatorial, caracterizado pela erosão dos direitos e garantias individuais e coletivas; o fortalecimento das ações de cunho político do aparelho repressor do Estado - sobretudo em praças como São Paulo, onde há ,claramente, indícios de atuação de uma polícia política nos moldes da Ditadura Militar -; uma jurisdição como fonte de exceção e não de direitos; atuação de grupos fascistas ou neo-fascistas como força auxiliar do braço repressor do Estado; substituições de nomes vinculados à Comissão da Verdade por atores simpáticos à Ditadura Militar, em pleno Ministério da Justiça; afastamento de servidores públicos dos seus cargos, como forma de coibir os avanços das investigações da Operação Lava Jato, cujo objetivo seria o de poupar os "conspiradores" do golpe contra a presidente Dilma Rousseff. Esse caldeirão de instabilidade política só poderia gerar situações de bastante animosidade entre as partes, grosso modo aqui denominados de "coxinhas" e "mortadelas", mas que, na realidade, entre golpistas e democratas.  

Já se faziam alguns prognósticos sobre o acirramento da intolerância entre as pessoas, motivadas por uma marcha da insanidade que não nos poderiam conduzir a outro destino que não este. Todos os "motivadores" dessa intolerância podem aqui ser elencados, como opção sexual, raça, religião, opção política, que deve ter sido a motivação que levou um cidadão a agredir o candidato João Paulo(PT), quando ele se encontrava num restaurante de um dos shopping da zona sul da cidade, o Rio-Mar, onde se preparava para almoçar com os correligionários. De acordo com o professor Wagner Braga, o fascismo saiu das sacadas e varandas imponentes e já se encontra entre nós, dirigindo sua ira contra homossexuais, negros, mulheres, pobres, nordestinos e quem pensa diferente. Ele já nos convidou para o almoço e, desta vez, o cardápio era João Paulo Lima Silva, candidato do PT nas próximas eleições municipais de 2016. 

Entretanto, há alguns componentes políticos importantes nessa agressão e que merecem ser destacados. Mesmo ainda dentro do universo da "margem de erro", o candidato João Paulo lidera as pesquisas de intenção de voto em institutos como o Ibope e o Datafolha. Sobre o Datafolha, acaba de sair mais uma delas no dia de hoje, onde ele também aparece na frente do candidato socialista - 32% a 28% -embora ainda na chamada "margem de erro". No nosso último artigo, apontamos alguns fatores que poderiam favorecer a candidatura de João Paulo. Deixo o link abaixo para quem desejar se aprofundar um pouco mais neste assunto. Um outro aspecto que não foi discutido naquele artigo - ainda favorável à candidatura do senhor João Paulo - é o reflexo das medidas tomadas até o momento pelo governo do senhor Michel Temer, extremamente impopulares, posto que atinge diretamente aquela população mais necessitada das ações do poder público. O ônus maior a ser pago aqui será daquelas candidaturas que apoiaram as urdiduras que culminaram com o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Aliás, aliados do governo Temer já pediram que alguns dessas medidas sejam adotadas apenas depois dessas eleições municipais.

Quem acompanha o nosso blog sabe que já publicamos diversos artigos analisando essas eleições municipais. Há um material extenso sobre o assunto, que reuniremos numa publicação. A reeleição do senhor Geraldo Júlio(PSB) tornou-se a prioridade das prioridades para as hostas socialistas locais e, quiçá, nacionais. É uma questão de honra reelegê-lo, mas isso precisaria ser combinado com o eleitorado que, no momento, parece não se predispor docemente aos desejos dos caciques da legenda. A sua não recondução ao cargo, representaria um "desarranjo" político muito difícil de ser administrado, com repercussões negativas, inclusive, no projeto de um outro nome da legenda, o governador Paulo Câmara, que já anunciou que concorrerá à reeleição em 2018. E olha que João Paulo já foi a mosca que pousou na sopa da União por Pernambuco, ao derrotar o ex-governador Roberto Magalhães, e tornar-se, pela primeira vez, prefeito do Recife. 

A publicação das primeiras pesquisas de intenção de voto acendeu a luz amarela nas hostes socialistas do Estado. Embora as pesquisas sempre representem, como dizem os analistas, uma radiografia do momento, aquela radiografia fornecia alguns indicadores de que a saúde do senhor Geraldo Júlio inspirava cuidados. Analisei com bastante atenção os fatos que ocorreram no dia de ontem, quando o candidato do PT, João Paulo, foi agredido pelo economista Bruno D'Carli, de 71 anos, quando pretendia almoçar no shopping Rio-Mar. A princípio, pensei tratar-se de uma agressão execrável, mas ainda dentro dos parâmetros de intolerância que estamos presenciando no dia de hoje. Mas, logo em seguida, Bruno D'Carli falou. E, ao falar, deixou claro o caráter de armação política contra o adversário de Geraldo Júlio nessas eleições. O seu discurso é o de quem, de fato, desejava provocar João Paulo para, logo em seguida, chamar os holofotes sobre si, que revelaria coisas "cabeludas" sobre a gestão de João Paulo na Prefeitura do Recife, bem como sobre irregularidades já nesta campanha, onde o ex-prefeito pretende voltar ao Palácio Antonio Farias. 

Suas ligações com a nomenclatura socialista do Estado também não deixam quaisquer dúvida sobre o componente político da agressão. O cidadão teria fortes ligações com proeminentes nomes investigadas por malversação de recursos públicos durante a gestão daquele governador dos olhos verdes. É cedo ainda para dizer como o público reagirá ao fato, mas, em se tratando de uma armação com propósito inequívoco de prejudicar o senhor João Paulo, pode-se concluir que o tiro tenha escapado pela culatra. Dá a entender que Bruno D'Carli não teria agido apenas por sua "indignação" com o PT, mas com o propósito de prejudicar o candidato João Paulo, a julgar pelos seus pronunciamentos logo em seguida ao fato, eivado, como disse, de componentes políticos. Embora o candidato socialista tenha publicado uma notinha condenando a agressão, em política, no entanto, quem não consegue separar as coxias da boca do palco, deixa de compreender muita coisa. Convém lembrar que uma simples "banana", no passado, já tirou gente boa dos planos de ocupar o Palácio Antonio Farias. 

"Que tempos são esses em que é preciso defender o óbvio" é uma frase do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Regimes políticos fechados são, naturalmente, intolerantes com os seus opositores. Aquilo que começou como um golpe de natureza parlamentar, começa a assumir contornos militaristas, com restrições a direitos e atuação de grupos fascistas e polícia política, como já vem ocorrendo em São Paulo, com agentes infiltrados em manifestações pela democracia, entregando manifestantes às autoridades autocráticas. A truculência como age a Polícia Militar do Estado de São Paulo - tendência que começa a se espalhar por outros Estados - é típica de um Estado de Exceção, nos colocando na contingência, como dizia Brecht, de ter que defender o óbvio: como a existência do PT, a possibilidade de o partido apresentar seus postulantes à opinião pública e o direito do cidadão João Paulo almoçar num restaurante com os seus correligionários. Que tempos são esses? 


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