pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: MinC e suas desocupações compulsórias
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terça-feira, 2 de agosto de 2016

MinC e suas desocupações compulsórias

Ministério da Cultura demite 70 funcionários e ocupantes do Palácio de Capanema, sede no Rio, são retirados pela polícia

minc

por Eric Campi e Paulo H. Pompermaier
“Dar as costas ao cinema brasileiro é uma forma de cansaço diante da problemática do ocupado e indica um dos caminhos de reinstalação na ótica do ocupante. A esterilidade do conforto intelectual e artístico que o filme estrangeiro prodiga faz da parcela de público que nos interessa uma aristocracia do nada, uma entidade em suma muito mais subdesenvolvida do que o cinema brasileiro que desertou”. Paulo Emílio Sales Gomes, historiador e crítico de cinema brasileiro, concluiu assim seu ensaio Cinema: trajetória no subdesenvolvimento. Analisava na década de 60 uma tendência que marcaria a criação cinematográfica nacional: a produção cíclica, com altos e baixos, do cinema nacional, que nunca conseguiria estabilizar-se autonomamente frente à invasão de filmes estrangeiros.
O historiador foi, inclusive, um dos criadores da Cinemateca Brasileira na década de 40. A instituição, responsável por preservar a história do cinema nacional, está incluída na nova política de reestruturação promovida pelo Ministério da Cultura, que anunciou hoje (26) a demissão de 70 funcionários ligados ao MinC. Entre eles estão a coordenadora-geral da Cinemateca, Olga Toshiko Futemma, e outros 5 funcionários de sua diretoria: Alexandre Myaziato, Adinael Alves de Jesus, Nacy Hitomi Korim e Daniel Oliveira Albano. Outras exonerações ocorreram na diretoria do Museu Villa-Lobos, com funcionários da diretoria do MinC e da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas.
Agora a Cinemateca conta com aproximadamente 30 funcionários para administrar seu acervo de cerca de 200 mil rolos de filmes e as salas para exibições.
Palácio Capanema, Rio de Janeiro
Na manhã de segunda feira, 25 de julho, os membros do Ocupa MinC Rio acordaram com cerca de 50 agentes armados da Polícia Federal invadindo o Palácio Capanema.  Os policiais retiraram os ocupantes das barracas localizadas no segundo andar do edifício, o Salão Portinari, e impediram, inclusive, que ficassem no pátio de acesso, espaço destinado ao público.
Representantes do movimento relataram que a PF agiu com violência, retirando-os nus de seus dormitórios e os carregando escada a baixo. Rodrigo Mondego, advogado dos manifestantes, disse que foi impedido pelos policiais de entrar no Palácio. O pedido de reintegração de posse foi emitido na quinta-feira (21) pelo atual ministro Marcelo Calero, ainda que tivesse afirmado, meses atrás, que essa ação não seria necessária.
Em nota, o Ministério da Cultura informou que recebeu relatos de depredação do patrimônio público, ameaça aos servidores, uso de drogas, presença de indivíduos armados, além da circulação de menores. Os ocupantes negaram qualquer acusação e afirmaram que as obras e tapetes foram cobertos por plásticos para evitar estragos.
O Palácio é sede da Funarte (Fundação Nacional de Artes) e do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional) cariocas e estava ocupado desde o dia 16 de maio. Ao contrário do que afirmam muitos veículos de comunicação, a manifestação não era contra o Impeachment de Dilma Rousseff, mas sim contra Temer e o caráter conservador de seu governo. A ocupação aconteceu depois do anúncio do fim do Ministério da Cultura e permaneceu mesmo após o presidente interino reverter à decisão. O Ocupa MinC transformou o Palácio de Capanema em espaço de exposições e shows, inclusive de Caetano Veloso, Lenine e Seu Jorge.
Após a reintegração de posse, os manifestantes armaram barracas em frente ao Palácio e continuaram com a ocupação.
(Publicado originalmente no site da revista Cult)

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