pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: A repercussão do pedido de prorrogação do prazo de entrega da defesa de Dilma Rousseff.
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quarta-feira, 27 de julho de 2016

Editorial: A repercussão do pedido de prorrogação do prazo de entrega da defesa de Dilma Rousseff.




Atentado terrorista na Somália, com saldo de 13 mortos, cometido por grupos radicais. Confirmação da condenação do ex-deputado José Genoíno, que deverá cumprir pena em regime semiaberto. Pedido de prorrogação de prazo, pelos advogados da presidente afastada Dilma Rousseff, para a entrega de sua defesa na Comissão do Impeachment no Senado Federal. Eis alguns dos assuntos mais discutidos no dia de hoje. Nos chama a atenção, entretanto, esse pedido de prorrogação da entrega da defesa da presidente Dilma Rousseff ter repercutido tanto, quando se trata, tão somente, de um processo burocrático, decorrente da dificuldade de acesso às informações por parte dos seus advogados. Simples assim, talvez não justificando-se a ampla repercussão que o fato alcançou nas redes sociais, o que se explica, provavelmente por outras motivações. 

Até recentemente, a rede Facebook retirou várias páginas de direita que eram hospedadas ali. Os "coxinhas" fazem um barulho danado e estão sempre ávidos por encontrar qualquer motivação que seja para extravasarem sua ira antipetista. Noutros tempos, o PT já foi melhor por aqui. Hoje, o que nos parece é que a direita afiou as garras e, em alguns momentos, vem ganhando essa guerra. Custoso admitir isso, mas é verdade. Já disse isso aqui, mas não custa repetir, outro dia fomos atacados por uma página de direita, pela publicação de um post sobre o Deputado Federal Jair Bolsanaro, apenas tratando dos processos que correm contra ele na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados e no STF. Há uma grande foto dos integrantes do grupo, tirada durante uma manifestação. Fiquei espantado com o número de jovens, inclusive mulheres. Penso não ser preciso dizer mais alguma coisa. 

Há muitas especulações acerca de como deverão se comportar os senadores nesta segunda votação. Todos os dias surgem notícias a esse respeito, dando conta de que Romário estaria arrependido de ter votado a favor do afastamento da presidente; que Cristovam Buarque poderia mudar o seu voto; que Lula estaria conversando com alguns senadores na tentativa de fazê-los mudarem de voto etc. Especulações sobre este assunto em particular é o que não faltam. Embora os atores políticos do campo conservador já vejam a situação como um fato consumado - e tratem o afastamento da presidente Dilma Rousseff como favas contadas, conforme observou o cientista político Michel Zaidan - o fato é que o caráter de provisoriedade e ilegitimidade deverão acompanhar o Governo Temer pelos próximos anos. Algo nos diz que eles não vão se afirmar.

Seu índice de rejeição é alto entre a população, na mesma proporção em que crescem as expectativas em torno de eleições presidenciais antes mesmo de 2018. Como o que ocorreu foi um golpe, eles irão fazer o possível para não entregarem o poder. Reservo até dúvidas quanto ao andamento normal das eleições regulares no país, a despeito do senhor Michel Temer ter declarado recentemente, em entrevista ao Le Monde, que o Brasil vive uma democracia consolidada. Pelo visto, o golpe parlamentar deve ter contribuído para consolidá-la ainda mais. Quando lhe convém, como nesta entrevista, ele até elogia - e pega carona - nos avanços sociais conquistados pelo Brasil no combate às desigualdades sociais.

Um bom exercício aqui - o qual já estamos fazendo - é o observar como as instituições da democracia se comportaram logo após a execução de um golpe parlamentar. Honduras e Paraguai se colocam aqui como casos emblemáticos. A Turquia não serve como exemplo porque, o que se sucedeu à tentativa de golpe militar frustrado acabou por contingenciar o regime a um "fechamento", com adoção de medidas excepcionais e expurgos em massa de opositores, entre militares, juízes, reitores, jornalistas, professores, entre outros. Estima-se que mais de 50 mil pessoas até o momento tenham sido vítimas dos expurgos. Há, ainda, muita coisa a ser esclarecida sobre aquele golpe, até mesmo as circunstâncias do seu aborto. Mas, Honduras e Paraguai podem nos trazer informações importantes sobre o comportamento dos conspiradores no momento, digamos assim, do pós-golpe. 

No Brasil, uma das estratégias em plena execução é o "isolamento" daqueles atores políticos que poderiam representar alguma complicação nas próximas eleições presidenciais. Como disse o filósofo Gabriel Cohn, Dilma Rousseff foi apenas uma etapa do processo.Foi afastada para limpar o meio de campo. O que está em jogo é a destruição da figura pública de Luiz Inácio Lula da Silva. Sobre isso, os operadores estão trabalhando incansavelmente, numa verdadeira cruzada contra o ex-presidente, fustigado por todos os lados pelo aparato judicial e midiático. Um massacre sem precedentes.
 

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