pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Lula no Recife: Se o Brasil não melhorar, eu volto em 2018.
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terça-feira, 12 de julho de 2016

Editorial: Lula no Recife: Se o Brasil não melhorar, eu volto em 2018.


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Parece não haver dúvidas de que Lula é um homem que não foge às adversidades que a vida lhes impõe. Sobreviveu há algumas delas, ainda quando criança, nascido em uma família pobre, aqui  do agreste pernambucano. Depois, vieram as agruras da cidade grande, a militância sindical, a prisão ainda nos estertores do regime militar e, agora, a sanha miserável dos executores do golpe parlamentar em destruir sua imagem pública, pois trata-se de um ator político que ainda é capaz de mobilizar multidões. Ah, já ia esquecendo, sobreviveu a um câncer também. Lula sobrevive a tudo. A todos. Adversidades, como disse, ele sabe enfrentá-las. 

No epicentro das parafernálias midiáticas e jurídicas com o propósito de conduzi-lo coercitivamente para depor - para protegê-lo, de acordo com aquele juiz do Paraná - ele teria declarado ao amigo Rui Falcão, presidente nacional do PT, que a sua prisão - se era isso que eles desejavam - não seria problema. Ele já havia sido preso antes. Em sua visita ao Estado de Pernambuco, o mesmo Lula de sempre, ou seja, repleto de otimismo e aquelas "tiradas" que o caracterizam como um dos fenômenos de comunicação com o público. Política é como uma cachaça boa. Quando se toma o primeiro gole, não se quer parar mais. 

Questionado sobre uma eventual candidatura nas eleições presidenciais de 2018, ele sapecou que, se o Brasil não melhorar, ele poderá voltar em 2018. Apenas se o Brasil não melhorar, frisou, como quem torcesse que o governo interino encontra o rumo certo na condução do país. Será?Há quem informe que Lula tenta descolar-se da imagem de mentor político da presidente afastada, Dilma Rousseff. Outro dia chegou mesmo a elogiar algumas medidas econômicas adotadas pelo governo interino. Talvez porque tenha chegado à conclusão de que a situação de Dilma Rousseff está irremediavelmente perdida e que preciso construir alternativas no campo da centro-esquerda. 

No Brasil, um golpe parlamentar precisa cumprir várias etapas, atender a certos ritos, mas a engrenagem mói. É preciso agora ver o que fazer, depois que acordamos desse sono político que produziu o monstro de um retrocesso político e nos mergulhou num profundo impasse institucional. Uma reversão desse processo no Senado Federal, sinceramente, é muito pouco provável que ocorra. Talvez Lula tenha jogado a toalha e trabalhe com a perspectiva das eleições presidenciais de 2018, ciente de que Dilma não volte mais ao Palácio do Planalto. Creio que até ela mesmo já teria dito que ele voltaria em 2018.  

A estratégia do golpe parlamentar passou a ser usada quando se percebeu que os militares, como ocorria em décadas passadas, já não mantinham a mesma disposição de antes para as quarteladas. Eles ficam por ali, de tocaia, dando o sinal verde para a eventualidade de alguma coisa fugir ao controle da engrenagem institucional, mas se recusam a assumir o ônus diretamente. Os Governos democráticos de Honduras e Paraguai caíram assim, através de um golpe parlamentar em vias de materializar-se no país. O Brasil também pode entrar nessa galeria, criando uma situação de muita instabilidade política para os regimes democráticos do continente, dada a sua dimensão. Além do Pré-sal, eis aqui uma estratégia de geopolítica que deveria estar nos planos dos golpistas, que colocaram um homem de sua confiança no Itamarati para mudar os rumos da nossa política externa. 

E pensar que, até então, assistíamos ao que ocorria em Honduras e no Paraguai de camarote, como se isso nunca fosse chegar por aqui. Quantos de nós não acreditamos que, de fato, Manuel Zelaya estava ficando "doido", com aquelas suas supostas "manias de perseguição" por agentes americanos? Pois bem. Para lembramos daquele adágio popular, Honduras e Paraguai eram os nossos vizinhos do lado. Não fizemos nada quando eles foram acusados disso e daquilo até que chegou a nossa vez e já não havia a quem reclamar. Afinal, o Brasil estava muito além de uma simples republiqueta de bananas. Zelaya foi retirado de sua casa, pelos militares, e levado à força para a Costa Rica, onde cumpriu um exílio forçado. Creio que, em menos de 10 dias, Lugo foi apeado do poder do Paraguai, num procedimento que, a julgar pelo que vem ocorrendo no Brasil, está se tornando rotina: utiliza-se de artimanhas para, através de um instrumento previsível e legal - o impeachment, por exemplo - afastarem presidentes eleitos, legitimados pelas urnas, sem nem mesmo um crime de responsabilidade.   

Com algumas reservas - a corrupção que envolveu alguns de seus membros é uma delas - sou um eterno entusiasta do legado social deixado pelos governos da coalizão petista. A tendência é que este governo interino ( ou usurpador?) promova uma verdadeira erosão nessas conquistas, assim como tolha as liberdades coletivas e garantias e direitos constitucionais do cidadão. Mas devo admitir que, diante de circunstâncias tão adversas, a retomada de um governo de corte popular no Brasil não será uma tarefa muito simples. Há muitos obstáculos que precisam ser superados. Desde os institucionais até mesmo os operacionais, uma vez que as fontes de financiamento de campanha tendem a minguarem. Mas, como diz Lula, para quem sobreviveu até aos 05 anos, naquelas condições precárias de Caetés, nada é impossível.  

P.S.: Do Realpolitik. O radialista Geraldo Freire, que aparece na foto acima, ao lado de Lula, contou que foi hostilizado, ao gritos de golpista, em razão dessa entrevista realizada com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na cidade  de Petrolina. Foi salvo pelo Deputado Federal Sílvio Costa Filho, que o defendeu da ira de uma galega muito braba, que partiu para cima dele. Não entro no mérito da concessão da entrevista, mas as posições do radialista são bem conhecidas, afinadas com as forças conservadoras que engendraram o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República. Lula é um cara pragmático e conciliador. Essa conciliação de classe permitiu que o PT chegasse ao poder, mas deu no que deu. Não é por aí, Lula. 

Crédito da Foto: Rádio Jornal


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