pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições municipais de 2016, no Recife: Na esteira do impeachment, Jarbas se articula para reposicionar sua força política no Estado.
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domingo, 22 de maio de 2016

O xadrez político das eleições municipais de 2016, no Recife: Na esteira do impeachment, Jarbas se articula para reposicionar sua força política no Estado.




José Luiz Gomes


Por uma dessas ironias do destino, coube ao ex-governador Eduardo Campos - o seu principal adversário no Estado - retirar o senhor Jarbas Vasconcelos de uma espécie de ostracismo político. Passada aquela "ressaca", hoje, com o quadro menos anuviado, é possível entender com mais clareza a motivação de ambos naquela reaproximação, regada aos famosos cozidos realizados na Praia do Janga, aqui em Paulista. Para muito além das questões provincianas, se recompunha por ali, já então, um dos principais focos de luta anti-petista. Logo após o primeiro encontro entre ambos, Jarbas já vaticinava que Eduardo Campos, se desejasse viabilizar-se politicamente, teria que assumir uma posição de contraponto ao petismo.  

Para o ex-governador Eduardo Campos, diante de suas ambições desmedidas de tornar-se presidente da República, isso, certamente, não se constituiria num grande problema. Naqueles tempos, o Deputado Federal Jarbas Vasconcelos também teria a humildade de admitir que a distensão entre ambos seria fundamental para garantir a sobrevivência da jovem-guarda peemedebista, notadamente o seu pupilo político, Raul Henry(PMDB), hoje vice-governador do Estado. Depois de consolidar a sua hegemonia política no Estado - naquilo que chamamos à época de eduardolização da política pernambucana - o ex-governador morreu, prematuramente, num acidente de avião. 

Impedidos de alçar voos para além do estritamente controlado, não surgiram lideranças políticas na agremiação socialista, até então, capazes de preencher o vácuo deixado pelo ex-governador. Comenta-se, nas coxias, que a viúva de Eduardo Campos, Renata Campos, age de forma ativa nos bastidores, influenciando fortemente o governador Paulo Câmara(PSB). O fato é que a estratégia do ex-governador no sentido de prestigiar o corpo técnico no Executivo, nos legaram dois deles nas poltronas principais dos palácios Antônio Farias e Campo das Princesas. Enquanto isso, o grupo "político" da legenda trava duas lutas: uma entre eles, no sentido de se saber quem assume as rédeas, e outra com os "técnicos" no comando do Executivo Municipal e Estadual.

Os exemplos maiores dessas rusgas foram o desligamento do ex-governador João Lyra da legenda, além das articulações do senador Fernando Bezerra Coelho para emplacar o filho no Ministério das Minas e Energia, uma negociação conduzida praticamente sem contar com o aval da legenda. Há de se considerar aqui, também, sobretudo no caso do ex-governador João Lyra, um rearranjo na composição de forças que dão sustentação à base do Governo Paulo Câmara. Enquanto o PDT e PMDB ganharam status ascendente, outras forças entraram em declínio e até se afastaram, como é o caso do PSDB e o DEM.

Com o êxito das manobras que culminaram com o afastamento da presidente Dilma Rousseff, seria até natural que os atores políticos envolvidos nessa engrenagem fossem favorecidos. O Estado de Pernambuco foi contemporizado com 04 ministérios no governo interino de Michel Temer. Isso provocou, de certa forma, um realinhamento na correlação de forças políticas no Estado, permitindo que novos e velhos atores procurassem um reposicionamento, tendo como horizonte as eleições de 2016 e 2018. Não tenho dúvidas de que a cipoada que o senador Fernando Bezerra Coelho deu no grupo técnico e político do PSB estadual ainda terá reflexo nas eleições majoritárias de 2018. 

Por aqui, ainda existem muitas especulações a respeito de como o "butim" golpista estaria sendo repartido entre os atores políticos nele envolvidos. Todos os dias circulam novas informações de que este ou aquele ator estaria indicando fulano de tal para assumir a direção de algum órgão federal no Estado. E por que essa questão da indicação ou apadrinhamento dos nomes que deverão ocupar as representações dos órgãos federais no Estado é importante? Ela é um indicador do prestígio do padrinho político, no contexto da correlação de forças em jogo. É um parâmetro da capacidade do líder em acomodar seu “grupo” político, pavimentando projetos futuros. Aqui na província, algumas movimentações indicavam que o senhor Jarbas Vasconcelos poderia estar por trás de algumas dessas articulações. O nome do sociólogo José Arlindo Soares, por exemplo, muito ligado a ele, chegou a ser ventilado como possível presidente da Fundação Joaquim Nabuco. 

Até o momento, nada de concreto.Por precaução, conforme recomendava Dr. Arraes, talvez seja prudente aguardar esses nomes onde verdadeiramente importa: no Diário Oficial da União. E olha que as canetadas não param lá em Brasília. O Diário Oficial está publicando uma média de 100 nomeações e demissões diariamente. Sobrou até para o garçom Catalão, que servia café no Palácio do Planalto há mais de 10 anos. Dizem que por ser uma figura extremamente perigosa. Muito "zeloso" esse novo Gabinete de Segurança Institucional do governo interino de Michel Temer.

Neste cenário, estreitaram-se os laços entre o governador Paulo Câmara(PSB) e o Deputado Federal Jarbas Vasconcelos(PMDB), que tornou-se um dos principais conselheiros políticos do governador. Raposa cevada há décadas na política, Jarbas não perderia a oportunidade de um reposicionamento na correlação de forças aqui na província. O PMDB cresce em influência no Governo do Estado e isso, certamente, terá reflexos já nas eleições municipais de 2016. Uma primeira consequência disso e o "rifamento" do nome do hoje vice-prefeito do Recife, o comunista Luciano Siqueira(PCdoB). As condições para que ele se mantenha como vice no projeto de reeleição de Geraldo Júlio(PSB) tornam-se cada dia mais remotas. O verniz de "esquerda", que os socialistas procuravam buscar com a presença de Luciano Siqueira na chapa,  torna-se, a cada dia, mais esquizofrênico nesse contexto. 

O PSB precisa assumir que poderia ter evitado o impeachment de Dilma Rousseff e não o fez. As rusgas locais com o PSDB e o DEM são movidas por outros interesses e não pelo fato desses partidos terem participado ativamente deste processo. O PSDB e o DEM perceberam nas urdiduras que culminaram com o afastamento da presidente Dilma Rousseff da Presidência da República uma perspectiva real de poder. Priscila Krause(DEM) e Daniel Coelho(PSDB) já se movimentam como candidatos efetivos ao pleito das eleições municipais de 2016. Com ministros de Estado, ligados a esses partidos,  operando na capital federal, aí sim é que esse "assanhamento" torna-se ainda mais efetivo.  Aliás, manter Jarbas Vasconcelos - que tem um excelente trânsito com esses dois partidos - sob a sombra do baobá do Palácio do Campo das Princesas é uma das formas de evitar, quiçá, uma eventual reedição da Frente por Pernambuco.

Em termos de pré-candidaturas postas, não poderia deixar de mencionar aqui as intensas movimentações do Deputado Estadual Sílvio Costa Filho, do PRB. Além de bater forte na gestão do governador Paulo Câmara(PSB), atacando alguns pontos nevrálgicos, como mobilidade urbana e o recrudescimento dos índices de violência, nas últimas semanas, também tem aproveitado para fazer uma peregrinação pelo país, conhecendo modelos inovadores de gestão pública. Na realidade, ao atacar a gestão de Paulo Câmara, Sílvio Costa procura atingir, na verdade, o prefeito do Recife, Geraldo Júlio. Não sei se ainda no primeiro turno, mas há uma tendência de apoio mútuo entre os petistas e o candidato do PRB, através do pai, Sílvio Costa, um verdadeiro leão de chácara na defesa do governo da presidente Dilma Rousseff. 

Segundo o senador Humberto Costa o PT local espera apenas um aceno do ex-prefeito João Paulo para colocar o bloco na rua. Como é complicado construir consensos na legenda, não sei se João enfrentaria algum tipo de resistência dentro do partido. A princípio, seria um bom nome. Foi ex-prefeito, conhece a máquina municipal, esteve diretamente envolvido na luta anti-golpista aqui no Estado. Política tem dessas coisas. Há algum tempo nos preocupava qual seria o discurso que o PT apresentaria ao seu eleitorado nas próximas eleições. Agora, sobretudo se considerarmos os aspectos de "nacionalização" das próximas eleições municipais, o "anti-golpe" ou "Fora,Temer!", começam a ganhar força.  

    

  

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