pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Dilma: Sofri a dor da tortura, da doença e agora da injustiça
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quinta-feira, 12 de maio de 2016

Editorial: Dilma: Sofri a dor da tortura, da doença e agora da injustiça





Ainda não sabemos quem foi o responsável pela redação final do texto que a presidente Dilma Rosseff leu na sua despedida da Presidência da República. Ah, como nós gostaríamos de contribuir com esta redação! Ontem, para a nossa felicidade, um editor mostrou-se interessado nos nossos editoriais, publicados com regularidade, depois que se iniciaram as urdiduras no sentido de afastar a presidente Dilma Rousseff do poder. Há algumas palavras-chaves, utilizadas nesses editoriais, que o levam a ser monitorados por uma empresa prestadora de serviços pelo internet. Espero que “golpe” não esteja entre elas, uma vez que falta muito pouco para criminalizarem as pessoas que começarem a tratar o impeachment contra a Dilma Rousseff como tal. "Temer" é uma das possibilidades. "Dilma", jamais.Por aqui, sempre se falou muito bem dela.  

Em sua última defesa de Dilma Rousseff, antes da votação que aprovou a admissibilidade do pedido de impeachment no Senado Federal, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, referiu-se ao assunto. Um outro aspecto enfatizado por Cardozo é que, ao fim e ao cabo, uma das principais motivações para derrubar a presidente seja mesmo uma vingança pessoal do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Essa hipótese apenas potencializa os vícios de origem que estão por trás desse processo de impeachment. Eu até entendo o senhor José Eduardo Cardozo – cuja atuação como advogado de Dilma foi bastante elogiada – mas também ficaria logo patente que o Eduardo Cunha não agiria sozinho.

Ele é apenas uma peça de uma engrenagem bem mais complexa. Um amigo nos perguntou se havíamos lido o parecer do ministro Teori Zavasck negando o recurso da AGU para interromper o processo de impeachment. Não li. Aprioristicamente, já se sabia qual seria a sua tendência, assim como, institucionalmente, essa batalha está irremediavelmente perdida. Não tem mais volta. Abatida Dilma, quais seriam, então, os próximos passos? Pode até ocorrer um arrefecimento da Operação Lava Jato, mas apenas para alguns atores políticos. Os petistas envolvidos continuarão a ser solenemente caçados, inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo pedido de prisão preventiva já se encontraria na mesa de trabalho do senhor Sérgio Moro, apenas aguardando o momento certo para ser cumprido, consoante o ritmo do..., digamos assim, da justiça.

Eles não irão perder a oportunidade de tirar de cena, como diria o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, o maior capital político dos lascados deste país. Essa engrenagem é sutil, aparenta uma cruzada moralizante, mas é extremamente perigosa. Hoje, numa entrevista, pela manhã, o novo presidente Michel Temer deixou escapar uma recomendação para aqueles ministérios ditos estratégicos: deseja que eles ajam com absoluto pragmatismo. Confesso que fiquei sem entender o que ele quis dizer com isso, mas suspeito que ele deseja que as coisas não sejam discutidas em assembleias, ouvindo as comunidades atingidas ou coisa do gênero. Vai por decreto, goela a dentro mesmo.

Por alguns momentos, acompanhei a sessão do Senado Federal que aprovou o pedido de admissibilidade do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Vale ressaltar,na fala do presidente daquela Casa Legislativa, uma grande preocupação com o nosso sistema político, segundo ele, corroído de morte. Nas palavras do senhor Renan Calheiros, ele precisa ser urgentemente reformulado. No geral, ele tem razão. O problema é quando ele auto se exclui, logo ele que responde a vários processos por má condução de sua vida pública. O procedimento de admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff ter sido conduzido, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal, por atores políticos com o currículo de Eduardo Cunha e Renan Calheiros dá, sim, a dimensão do problema.

Já afastada da Presidência da República, a presidente Dilma Rousseff, ao lado de Lula e de assessores mais próximos, de improviso, fez um discurso contundente, onde historia seu legado no exercício do mandato e comenta,no final, sobre o processo de impeachment do qual foi vítima: Sofri a dor da tortura, da doença e, agora, da injustiça. Penso não ser necessário acrescentarmos mais nada à sua fala, pelo menos neste momento de profundo pesar para as nossas instituições da democracia.

P.S.: Para entender melhor o caráter do golpe perpetrado no país, deixo o link de um artigo escrito pelo cientista político Michel Zaidan Filho, que também analisa a composição do ministério do senhor Michel Temer, concluindo que estamos muito distante de sair de uma "crise" que o futuro presidente já pediu para "esquecer", como se isso fosse resolver o problema. 

Não deixe de ler:

O Dezoito Brumário do PMDB temerário





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