pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Aos poucos a engrenagem do golpe está sendo desmontada. Não existe crime perfeito.
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quarta-feira, 27 de abril de 2016

Editorial: Aos poucos a engrenagem do golpe está sendo desmontada. Não existe crime perfeito.


Aos poucos, a engrenagem do golpe armado contra a presidente Dilma Rousseff vai mostrando sua face, expondo o lodaçal dos acordos firmados entre os atores envolvidos. Mesmo sem o rito do Senado Federal, o vice presidente Michel Temer já articula seu ministério como se soubesse, antecipadamente, que o processo não tem mais volta. O pior é que ele não confia apenas nas previsões de Bita do Barão, babalorixá do Maranhão, a quem, dizem, teria se consultado secretamente. Como hábil jogador, deve saber que as favas estão muito bem contadas. Esse babalorixá é famoso no Estado. Sarney não dá um passo sem ouvi-lo. E por falar nos Sarney, eles estão empenhadíssimos no projeto de afastar a presidente Dilma Rousseff. Manobraram na votação da Câmara Federal e continuam com os conspiradores no Senado Federal.  

Os números da divisão do butim são estonteantes. Segundo dizem, a bancada do Paraná exigiu centenas de cargos federais para votar em favor do impeachment. Ontem, em artigo publicado aqui pelo blog, o cientista política Michel Zaidan Filho fez alguns comentários sobre a cobrança dessa "fatura" e o quanto ela seria danosa para os interesses nacionais, republicanos e dos trabalhadores. Podem ser preparar porque o "pacote de maldades" do senhor Michel Temer será bastante amargo.  Talvez a totalidade desses acordos "espúrios" nunca sejam, de fato, revelados. Mas, nas entrelinhas, os atores acabam revelando parte desses acordos. 

Hoje se comentou, por exemplo, que o veto de Dilma Rousseff ao aumento do poder judiciário poderia ter sido um dos motivos pelos quais membros desse órgão passaram a engrossar o cordão do "Fora, Dilma". Não duvido. É bastante plausível essa possibilidade. Quando você observa a "sintonia" do Judiciário e do Legislativo no sentido de rever essa questão, em caráter de urgência, antes da votação do impeachment pelo Senado Federal, aí a ficha cai. Em comentário sobre o assunto no seu blog Tijolaço, o jornalista Fernando Brito advoga que o gênio do chargista Renato Aroeira talvez estivesse sendo "injusto" com Pôncio Pilatos, na charge que ilustra este editorial. Talvez ele tenha razão. 

A História sempre nos transmite lições importantes. Em comentários aos artigos de Michel Zaidan nas redes sociais, muitos internautas observaram como o STF comportou-se em diversos momentos emblemáticos do país. Infelizmente, aquela corte não tem um bom currículo quando está em jogo a defesa das regras do jogo democrático. Talvez tenha razão o João Mangabeira ao afirmar que "O STF foi a corte que mais traiu o Brasil no regime democrático". Alguns analistas observam que o problema pode estar relacionado ao processo de indicação dos membros daquele órgão. 

Diante do exposto, como dizem os advogados, o festim diabólico parece muito bem montado. Convém lembrar, entretanto, que os 54 milhões de votos que elegeram a presidente Dilma Rousseff não serão impunemente surrupiados, como sugere Michel Zaidan. Se os conspiradores pensam assim, estão redondamente enganados. Haverá uma resistência sistemática e ele não terá um só minuto de sossego, assim como não permitiram que Dilma Rousseff governasse. Os movimentos sociais já estão se mobilizando, nas ruas, acampados nas praças, nas portas das fábricas, nos assentamentos, nas escolas. É um equívoco imaginar que este crime é um crime perfeito, como pensavam aqueles dois jovens do filme de Alfred Hitchock.

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