pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições de 2016, no Recife: Comunistas calmos e tucanos em polvorosa.
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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O xadrez político das eleições de 2016, no Recife: Comunistas calmos e tucanos em polvorosa.




O Ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, do PCdoB, segundo se comenta em Brasília, pode se tornar um soldado da linha de frente, no sentido de viabilizar politicamente a sobrevivência do mandato da presidente Dilma Rousseff. Poderia fazer uma dobradinha com Gilberto Kassab, segundo dizem, um hábil articulador político. Seria o time dos sonhos do ex-presidente Lula, que esteve recentemente com Dilma Rousseff tratando dessas questões. Em declarações pelos jornais, o ministro Rabelo já mandou o seu recado: a presidente Dilma teria subestimado a política, daí o agravamento da crise. Já comentamos aqui, em outras ocasiões, que essas lideranças do PCdoB têm se orientado por um pragmatismo político capaz de fazer corar o mais renhido direitista. 

A "conversão" dessa gente é algo surpreendente. Aqui pela província, passamos a ficar muito atento às declarações do vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, acerca do posicionamento da legenda em torno das próximas eleições municipais. O PCdoB do Recife faz dobradinha no Palácio Antonio Farias com o PSB. Todos sabem que a relação entre os dois partidos já passou daquela fase do só vou se você for. Uma das possíveis razões dessas animosidades poderia ser a postulação da candidatura do irmão do ex-governador, Antônio Campos(PSB), à prefeitura de Olinda, nas próximas eleições municipais. Na época de Eduardo Campos, Olinda sempre foi respeitada como um território dos "comunistas". Noutros tempos, se estivéssemos na década de 60, poderia ser chamada de uma "Moscouzinho". 

Indagado a respeito dos reflexos dessa candidatura sobre a relação que o partido mantém com os socialistas no Recife, Luciano Siqueira informou que não via como a postulação de Antonio Campos, em Olinda, poderia trazer alguns problemas em termos da composição das duas legendas no Recife. Independentemente disso, PCdoB e PSB, poderiam caminhar juntos no Recife. Em Olinda dá-se como certa uma nova candidatura de Luciana Santos(PCdoB). A despeito do desgaste de uma gestão de 16 anos na Marim dos Caetés, os comunistas não desejam abandonar a sua bastilha. Não será uma eleição fácil para ninguém. A disputa, mais uma vez, promete bastante. Há quem especule sobre a possibilidade de o PT, finalmente, sair em raia própria e lançar o nome da deputada estadual Teresa Leitão. Ainda no plano das possibilidades. 

Pragmaticamente, só posso entender essa declaração de Luciano Siqueira no seguinte contexto: ele acredita numa possibilidade concreta de continuar como inquilino do Palácio Antonio Farias, na condição de vice do prefeito Geraldo Júlio, mantendo a aliança PCdoB/PSB. Nessa perspectiva, para Luciano, a reeleição de Geraldo Júlio é algo ainda que se encontra no plano de uma viabilidade. Já em Olinda, penso, ele deve supor que a candidatura do escritor Antonio Campos não passará da fase das preliminares. Não teria possibilidades de lograr êxito, seria apenas para tentar introduzir o irmão do ex-governador no cenário político-eleitoral. Uma candidatura olímpica, incapaz de causar algum dano aos planos dos comunistas em Olinda. 

Ideologia? que Ideologia? trata-se apenas de uma questão de conveniência e análise da correlação de forças em jogo.Simples assim. Durante esta semana, neste tabuleiro político, os responsáveis pelas mexidas mais significativas talvez tenha sido mesmo os tucanos. Através de uma nota, o partido determinou aos seus membros que ocupam cargos comissionados na gestão de Geraldo Júlio que desembarcassem da nau socialista. Pelo que sabemos, até o momento, a Secretária de Combate ao Crack e Outras Drogas, vereadora Aline Mariano(PSDB), ainda não se desligou do secretariado de Geraldo Júlio. Os tucanos parecem mesmo dispostos a concorrerem em raia própria às eleições de 2016. Há uma Resolução da legenda no sentido de lançamento de candidaturas próprias em cidades com mais de 200 mil habitantes. 

A questão maior talvez seja mesmo como se chegar a um consenso sobre esses nomes, uma vez que o ninho está muito embolado em algumas praças, inclusive no Recife. Também nesta semana, o ex-governador e ex-prefeito Joaquim Francisco desligou-se do PSB e, segundo se informa, seu destino será mesmo o PSDB. Comenta-se que Joaquim pretende disputar as próximas eleições municipais do Recife. Não sei se isso já teria sido combinado com o deputado estadual Daniel Coelho, que advoga para si a prevalência da postulação. Na ribalta há um longo tempo - observando a água bater nas pedras e decifrando a mensagem das espumas - Joaquim não faria tal movimento se não o calculasse bem. Raposas políticas dão o bote no momento certo. 

É esperar para ver como eles irão se arrumar no ninho. Os socialistas não apostavam muito na possibilidade de uma candidatura própria dos tucanos, uma vez que eles integravam a base de apoio do prefeito Geraldo Júlio, apesar da oposição de algumas dessas aves na Casa de José Mariano. Hoje, entre os socialistas, o quadro é bem mais complexo do que em outras épocas. Quando ainda eram vivos, os caciques Sérgio Guerra e Eduardo Campos contornavam as divergências no centro e na periferia. Soldavam as alianças independentemente dos amuos pontuais. Eduardo Campos escalou dois técnicos para gerirem os destinos do Recife e do Governo do Estado e o meio de campo político ficou bastante comprometido. Esse "vácuo" político será motivo de muitas disputas daqui para frente. As raposas estão assanhadas. Dentro e fora das hostes socialistas.

Aproveito o artigo semanal para lamentar a postura do vereador André Régis(PSDB), que pediu vistas de uma proposta de moção de desagravo em relação ao processo movido pelo governador Paulo Câmara contra o professor titular da UFPE, Michel Zaidan Filho, encaminhado pela vereadora Marília Arraes. Doutor em direito, André argumentou que era preciso ouvir a outra parte, no contexto do direito ao contraditório. É curioso que um ator político que exerce a função de vereador na Casa de José Mariano demonstre tanta desinformação sobre o cenário político pernambucano. Ele já deveria saber que, aqui na província, os governantes de turno respondem às críticas com difamações, políticas de erosão de imagem, práticas persecutórias, perseguições, processos e "vias de fato", como se diz lá pelas terras dos menestréis. Contratam áulicos para destratarem seus críticos nos jornais, tarefa que talvez devesse ser exercida por ouvidores independentes, movidos pelo espírito democrático e republicano. Penso que o cidadão André Régis precisaria melhorar os seus argumentos.  

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