pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições municipais de 2016, no Recife: Enquanto Geraldo Júlio acomoda o meio-de-campo, os tucanos continuam divididos.
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sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O xadrez político das eleições municipais de 2016, no Recife: Enquanto Geraldo Júlio acomoda o meio-de-campo, os tucanos continuam divididos.

 
 
José Luiz Gomes

Creio que o grande momento político da semana, depois da prisão do ex-ministro José Dirceu, foi mesmo as recentes pesquisas divulgadas sobre a avaliação do Governo Dilma Rousseff. Não vejo motivo para desacreditar dos números do Instituto Datafolha, sobretudo se considerarmos o mal momento vivido pelo Governo Dilma. Aliás, um momento bastante delicado, admitido até mesmo pelo seu coordenador político, o vice Michel Temer(PMDB). Embora tenha testado todas as peças possíveis para o meio de campo da articulação política, ainda assim, o Governo se encontra perdido, amargando as primeiras derrotas da pauta cinzenta de agosto. Aqui na província, pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau também observou a erosão do capital político do Partido dos Trabalhadores entre os eleitores.

Lula ainda é o político mais admirado, mas já não ostenta os números auspiciosos de outrora. Antes já havíamos falado sobre o "efeito coxinha", ou seja, essa articulação de caráter antipetista, e seus possíveis reflexos nas eleições municipais de 2016. Creio que, embora as eleições municipais tenham um caráter mais "cotidiano", mesmo assim, essa campanha de erosão da imagem do PT terá alguns reflexos, sobretudo nos perímetros urbanos, nas grandes capitais, onde a classe média tradicional e setores da elite se encarregarão de fazer seu barulho - não necessariamente de panelas - contra aquela agremiação partidária. Aqui no Estado, as lideranças do partido prometem que irão cuidar de reorganizar a agremiação. 

As pesquisas do Datafolha colocam Dilma na rabeira das avaliações, com apenas 8% de percentual entre bom e ótimo, num patamar até mesmo inferior ao do ex-presidente Fernando Collor de Mello, nos seus piores momentos, um pouco antes do impeachment. O PT, como um todo, incluindo aí os atores pernambucanos da legenda, perdeu muito capital político. O nome mais cotado da legenda numa eventual candidatura às eleições municipais de 2016, João Paulo Lima e Silva, hoje na presidência da SUDENE, aparece apenas com um ponto percentual quando o quesito é admiração. Pelo andar da carruagem política, muito coisa precisa ser reorganizada na agremiação. Fala-se muito nos problemas de natureza econômica, mas, outro dia, o próprio Lula, numa entrevista, deixou escapar que essa sangria de capital político não seria estancada nem se os problemas da economia fossem equacionados.  

No campo governista, Geraldo Júlio(PSB) mexeu numa das peças do tabuleiro, abrindo possíveis espaços para a acomodação de aliados na máquina. Os aliados, na realidade, nunca estão satisfeito com os "nacos" de poder ofertado. Querem sempre mais, sempre com justificativa, imaginem, de servir ao interesse público, tendo uma participação maior na concepção e execução de políticas públicas. Na realidade, essa história é bem outra, mas não vamos nos deter nisso agora. Basta lembrarmos, conforme alertava o filósofo alemão Friedrich Nictzsche, que todo discurso é uma fraude. O fato concreto é que o PROCON, comandado por José Neves(PSD), que era uma diretoria, ganhou status de Secretaria Executiva de Defesa do Consumidor - ligada à Secretaria de Assuntos Jurídicos. Nas coxias, comenta-se que fazia tempo que o senhor José Neves pleiteava esse objetivo, o que permitirá maior desenvoltura na atuação do órgão e, consequentemente, maior visibilidade política. 

Com a manobra, Geraldo Júlio procura aprimorar a coesão de sua base de sustentação, além de abrir espaços maiores para os aliados da base governista. Nem uma outra medida além dessa foi anunciada, mas comenta-se que essas intervenções administrativas pontuais poderão não ficar por aqui. No nosso último artigo comentávamos sobre as dificuldades de condução política do Governo Municipal. Geraldo é um gerente, um executivo. Por força das circunstâncias, foi jogado na política. Mas política não é o seu mitiê, conforme a engenharia política montada pelos neo-socialistas no Estado. 

A presidente Dilma Rousseff é outro caso emblemático. Não sabe, não gosta e não quer aprender. Até nas indicações da articulação política tem errado sempre. Nem mesmo o Michel Temer conseguiu contornar esse meio de campo. Desconfiamos que Geraldo também não queria se meter nessa não.Em todo caso, já está metido até a medula e agora terá que se virar sozinho, sem os conselhos daquele ex-governador dos olhos verdes, o mandachuva político do grupo. Por falar nele, agora, no próximo dia 13 de agosto, estão previstas inúmeras homenagens ao aniversário de um ano de seu falecimento. 

Os tucanos recifenses estão bastante divididos em relação à gestão municipal do prefeito Geraldo Júlio. Alguns deles integram a base aliada, enquanto outros se propõem a uma oposição ferrenha e pleiteiam uma candidatura própria nas próximas eleições municipais. Para o vereador André Régis, essa é a única forma do partido crescer e consolidar-se no Estado. O staff de Geraldo Júlio acredita que se trata apenas de arroubos. Não apostam na possibilidade de uma candidatura própria tucana, quando eles estão na base da administração municipal. No plano nacional da legenda, alguns tucanos de bico-fino já manifestaram o desejo de uma candidatura própria no Recife. Penso que tanto Geraldo Alckmin quanto Aécio Neves já se manifestaram sobre o assunto. Vamos aguardar um pouco mais para observar se, de fato, alguma dessas aves emplumadas está mesmo disposta a alçar voo rumo ao Palácio Antonio Farias.  

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