pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições municipais de 2016, no Recife: Afinal, qual o papel a se exercido por Jarbas Vasconcelos nessas eleições?
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sábado, 4 de julho de 2015

O xadrez político das eleições municipais de 2016, no Recife: Afinal, qual o papel a se exercido por Jarbas Vasconcelos nessas eleições?





José Luiz Gomes


Nessa fase inicial das costuras políticas, são comuns os blefes, o surgimento de nomes apenas com o propósito de aferir a receptividade dentro do próprio campo politico e, naturalmente, junto ao eleitorado. Uma outra estratégia é a apresentação de candidatura apenas com o propósito de barganhar nacos de poder, depois da construção de consensos em torno de tal ou qual candidato. Convém, portanto, tomar muitos cuidados com essa enxurrada de candidaturas que surgem nessa fase inicial das negociações. Outros pretensos candidatos, por sua vez, agem de uma maneira tão "agressiva", que não permitem dúvidas sobre a sua disposição.  

Em Olinda, por exemplo, em ralação a um nome específico, essa segunda hipótese pode ser confirmada, a julgar por uma série de indícios claros, adotados pelo candidato. Ele, naturalmente nega, mas até os silenciosos mosteiros já foram contagiados pela pré-campanha. No caso do Recife, pontualmente, por mais de vez, voltou-se a se especular sobre uma provável candidatura do ex-prefeito, ex-governador, ex-senador, hoje Deputado Federal, Jarbas Vasconcelos. Jarbas foi prefeito do Recife por dois mandatos, tendo deixado a Prefeitura com boas avaliações, embora essas pesquisas de avaliação de gestão estejam com o prestígio mais baixo do que poleiro de pato. 

Em todo caso, foi um prefeito bem-avaliado, tendo disputado o Palácio Antonio Farias, no seu primeiro mandato, em condições bastante adversas. Por essa época, Jarbas ainda era um ator político identificado com o campo da esquerda, capaz de mobilizar uma militância aguerrida, que foi capaz de superar muitas adversidades de campanha, como a sua situação desfavorável nas pesquisas de intenções de voto, até os momentos finais da campanha. Ainda hoje nos é nítida a imagem daqueles militantes distribuindo santinhos nos cruzamentos das avenidas principais do Recife. Jarbas mudou muito desde então. O campo político de esquerda, por onde ele construiu toda a sua trajetória política, ficou no passado. 

No segundo mandato como prefeito, já com o propósito de viabilizar-se como candidato ao Governo do Estado, abandonou os antigos companheiros para abrir espaços na Prefeitura para os "novos atores", cevados nos estertores das forças políticas mais reacionárias e conservadoras do Estado, aquelas mesmas que ele havia combatido no passado. Algumas crias da ditadura militar, formadas na escola polícia do macielismo, tornarem seus fiéis escudeiros. Era o momento da União por Pernambuco, criada num encontro histórico na fazenda de José Mendonça, o Mendonção, chefe político de Belo Jardim. Alguns antigos companheiros, então convertidos, acompanharam o líder, outros se mostraram reticentes e, coerentes, abandonaram essa nau, como foi o caso da secretária de educação jarbista, professora Edla Soares. Ainda lembro - estava com ela na sala - como essas figuras foram recepcionadas em seu gabinete no Palácio Antonio Farias. 

Jarbas seguiu seu novo rumo político, incorporando esses novos atores ao seu grupo. Havia um projeto bastante ousado de poder, escalonado entre seus principais líderes, como Roberto Magalhães, Sérgio Guerra, os Mendonças. Só esqueceram de combinar isso com João Paulo(PT), que, com sua vitória, colocou terra naquela engrenagem de poder, quebrando uma sequência que previa a vitória da Roberto Magalhães para o Palácio Antonio Farias, naquelas eleições. As indisposições de Jarbas com os Arraes, de longas datas, apenas se agravou com essa guinada conservadora do político. 

É como se os campos ficassem ainda mais nítidos. Por essa época, já eram realizados os tradicionais cozidos, na sua residência de praia, no bairro do Janga, em Paulista. O grupo político que acompanhava o ex-governador Miguel Arraes, segundo dizem, costumava fazer chacotas com aquela "turma do cozido". Mal sabia o Dr. Arraes que, anos depois, o seu próprio neto, Eduardo Campos, se encarregaria de selar a paz entre os dois grupos políticos, se lambuzando nos cozidos oferecidos pelo senhor Jarbas, com ingredientes adquiridos no Mercado da Encruzilhada. Muitas coisas mudaram no cenário político recifense desde então e, outras, foram atropeladas pelas circunstâncias, como a morte prematura do ex-governador Eduardo Campos. Política é um misto disso tudo. Neste novo cenário - único possível para preservá-lo na política, segundo ele mesmo - Jarbas passou a emprestar apoio ao grupo político dos neo-socialistas tupiniquins, colaborando com a vitória de Geraldo Júlio, nas eleições de 2012. 

O novo arranjo político permitiu a indicação do apadrinhado de Jarbas, Raul Henry, como vice, na chapa que disputou - e venceu - as eleições para o Governo do Estado, em 2014. Eleito Deputado Federal, essa condição permitiu ao político pernambuco um protagonismo na cenário político estadual e nacional. Alinhavado às forças políticas anti-petistas, o pernambucano, circunstancialmente, assume uma condição de, pelo menos, um interlocutor privilegiado nas articulações políticas no cenário recifense. Segundo dizem, sem muito alarde, como recomenda os bons manuais de política, até recentemente, o Deputado encontrou-se com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), possivelmente, observando na cidade do Recife, um trampolim fundamental para os seus eternos projetos presidenciais de 2018. 

Nessa estratégia, seria fundamental a construção de um palanque recifense em 2016, quiçá, suficiente para dar suporte ao governador paulista, em 2018. Difícil prevê como Jarbas entraria nesse jogo, mas poderia está sendo montado um agrupamento de forças capazes de criar alguns embaraços para a reeleição de Geraldo Júlio(PSB). Essa movimentação começou a preocupar o staff político do gestor, que adotou uma série de providências no sentido de prestigiar atores políticos ligados ao ex-governador, em eventos oficiais. Raul, o afilhado preferencial e vice-governador, foi o mais beneficiado. Antes disso, porém, em Brasília, Jarbas reunia a bancada pernambucana para um regabofe. No encontro, segundo se informou, uma candidatura sua à Prefeitura do Recife foi aventada abertamente. Maduro e conciliador, o ex-prefeito parece não nutrir interesses em manter arestas no Estado, exceção para aquelas inevitáveis, como setores do partido dos trabalhadores. Essas seriam irreconciliáveis.

Até o deputado Sílvio Costa, que o havia desancado no passado, hoje se mostra um admirador do ex-senador da República. Nas últimas eleições, o seu filho, Sívio Costa Filho, vem se apresentando como uma alternativa política. Mas, a rigor, não passa de uma alternativa, sempre numa perspectiva de conquistar espaços. Vazou para a imprensa que, no diálogo mantido com o governador paulista, este último manifestou o desejo de que o PSDB apresente um candidato às eleições de 2016. As aspirações presidencias de Geraldo Alckmin nunca foram negadas. Não custa sonhar, a despeito dos problemas internos da legenda tucana. O nome hoje mais cotado entre os tucanos locais é o do Deputado Estadual, Daniel Coelho, que votou a favor da redução da maioridade penal. 

Aliás, hoje parece claro que essa legenda irá apoiar toda a pauta de interesses reacionários que forem à votação. Aliás, que pauta! redução da maioridade penal, retirada da Petrobras das operações do Pré-sal. Um momento de muito obscurantismo. Só vai à votação medidas contra os interesses republicanos, conforme desejo do senhor Eduardo Cunha. É difícil prevê qual seria o papel ou a influência de Jarbas Vasconcelos nas eleições de 2016, no Recife. No momento, trata-se apenas de uma especulação. Curiosamente, coube ao ex-governador Eduardo Campos a garantia de uma sobrevida política ao ex-senador. Isolado, ele poderia não ter sido eleito. Portanto, o apoio dos socialistas foi fundamental para a sua sobrevivência e a do seu grupo político. 

Se ele bancar uma candidatura própria ou apoiar outro nome que não o indicado pelo Palácio do Campo das Princesas, certamente, teremos aqui a ruptura de uma costura que vinha se desenrolando desde algum tempo. Se isso ocorrer, é possível que os neo-socialistas tupiniquins fiquem ausentes dos tradicionais cozidos preparados pessoalmente pelo ex-governador. Por outro lado, é muito pouco provável que ele conseguice reedidar as boas performances das aleições de outrora, algo que, certamente passa por suas ponderações. Seria um risco não calculado, cujo erro poderia representar o seu outono político, milagrosamente evitado.  

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