pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Tijolinho real: Afinal, houve ou não houve o tal panelaço
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terça-feira, 10 de março de 2015

Tijolinho real: Afinal, houve ou não houve o tal panelaço


 


Afinal, houve ou não houve o tal panelaço? Percebo que está sendo travada uma verdadeira guerra aqui pelas redes sociais, em torno deste assunto, entre os partidários da presidente Dilma e os seus opositores, que insistem em alardear que o tal panelaço, de fato, ocorreu. Ocorreram algumas manifestações pontuais, segmentadas, muito bem captadas pela Rede Globo de Televisão que, como informa o jornalista Cid Benjamim, faz um esforço patético para repercutir o tema. As sacadas dos prédios onde essas manifestações ocorreram informam sobre os seus moradores.

Não quero aqui também informar que já não se observam alguns focos de insatisfações contra o Governo Dilma, mesmo entre aqueles segmentos sociais identificados com o PT ou forjados a partir das políticas públicas de corte inclusivo adotadas nos governos de coalizão petista. Até mesmo antes das eleições, os institutos de pesquisa já identificavam esses indícios. As medidas adotadas até agora, com o propósito de se chegar a um ajuste fiscal, são impopulares: aumento do preço de alguns itens; medidas contra os direitos dos trabalhadores; cortes de verbas de custeios em áreas antes estratégicas como educação. Um conjunto de "maldades", como diria Maquiavel, aplicados de um golpe só. E isso não teria como não ter uma repercussão negativa, independentemente do extrato social atingido. 

Afinal, o "bolso sensível" ao qual se referia o economista Roberto Campos, não distingue classe social, embora ele certamente seria mais sensível no andar de baixo. Seu pronunciamento foi bastante equilibrado, inclusive reconhecendo o momento difícil que estamos passando. Também não seria nada aconselhável estabelecer aqui uma guerra santa entre 'pobres" e "ricos", embora esses últimos deem todos os indícios de que estão torcendo pelo quanto pior melhor. Foram eles que bateram as poucas panelas contra a presidente Dilma Rousseff e, certamente, estão fazendo esforços para a mobilização de caráter golpista do próximo domingo. Dilma e o país, infelizmente, vivem um péssimo momento. A presidente até tentou minimizar a crise política, mas ela existe. Do ponto de vista da comunicação não seria nada aconselhável, mas, sintomaticamente, Dilma já faz referência a alguns assuntos delicados, como as especulações em torno de um possível pedido de impeachment.

Com a divulgação da lista de Rodrigo Janot, como informa Michel Zaidan em artigo publicado hoje no blog, o clima azedou de vez. Se antes os parlamentares já não trabalhavam em prol do interesse público, agora é que não trabalharão mesmo. Por uma retaliação equivocada a Dilma Rousseff ou mesmo pelo "salve-se quem puder" nesse pandemônio em que está se transformando a capital federal. O pior de tudo isso é a fragilidade de nossas instituições democráticas. Que instituições democráticas são essas que não sobrevivem ao enfrentamento dos graves problemas de injustiças sociais do país? ou mesmo às investigações de políticos que podem ter algum envolvimento nas irregularidades com dinheiro público, cometidas nas licitações da estatal Petrobras? 

Nos últimos dias, li, com atenção, os artigos do teólogo Leonardo Boff​ e do sociólogo Emir Sader sobre as razões do ódio contra o PT. A elite política e econômica e parte da mídia destila um ódio sem precedente ao PT e ao seu líder maior, Luiz Inácio Lula da Silva. É como se eles dissessem: bastam de concessões ao andar de baixo. Chega! Vamos derrubar Dilma Rousseff e o PT. Penso ser isso reflexo de um país tão hierarquizado como o nosso, construído sob o signo do trabalho escravo. Se Dilma e o PT caírem não será porque alguns nomes do partido estão na tal lista de Rodrigo Janot ou já estiveram arrolados em outros escândalos de corrupção, mas porque cometeram o suicídio de tentar construir pontes entre o andar de cima e o andar de baixo. Eles continuam preferindo os muros. 

Nota do editor: A charge publicada acima, como sempre genial, é do nosso amigo Renato Aroeira. No momento em que publico essa postagem, sou informado que um jovem que foi brutalmente espancado por adolescentes, num ambiente escolar, acaba de falecer. A motivação, segundo se informa, seria o fato de o jovem ser filho adotado por um casal de gays. Isso apenas nos informam sobre o caráter de nossas elites. Pode parecer lugar-comum, mas, de fato, elas não suportam pobres nos cursos de medicina, nos saguões de aeroportos, nos salões de beleza chiques, andando de carro, antes privilégios apenas reservados ao andar de cima. Tocam fogo em mendigos, espancam empregadas domésticas confundidas com prostitutas e batem num jovem até a morte apenas pelo fato de ele ser adotado por um casal gay. 

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