pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Hélder Molina Molina: Filósofo da Casa Grande diz que trabalhadores nunca deveriam ter saído das fábricas.
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segunda-feira, 23 de março de 2015

Hélder Molina Molina: Filósofo da Casa Grande diz que trabalhadores nunca deveriam ter saído das fábricas.




Um artigo publicado pelo "filósofo" Luiz Felipe Pondé, na Folha de S. Paulo (saiba mais aqui), serviu para escancarar a mecânica do pensamento reacionário. "Temos que reconhecer: chegamos ao fim de uma era. O PT vive seu outono. Melhor voltar para o pátio da fábrica onde nasceu e de onde nunca deveria ter saído", disse ele.
O PT, como se sabe, nasceu no calor das greves de metalúrgicos do ABC, em 1980, quando o então operário Luiz Inácio Lula da Silva liderava multidões nos comícios da Vila Euclides, em São Bernardo do Campo (SP). Chegou ao poder em 2002 e representa a mais bem-sucedida experiência de construção de um partido de massas, na segunda metade do século XX. Desde então, o PT governa um país continental e, hoje, acumula ainda cinco governos estaduais e mais de 700 prefeituras. Segundo Pondé, no entanto, é hora de voltar para o chão de fábrica, de onde o partido nunca deveria ter saído. Afinal, trabalhador tem que obedecer. Operário não pode ser patrão. 

Esse lógica perversa permite que algumas perguntas sejam feitas ao filósofo:
1) será que os negros deveriam voltar para a senzala, de onde nunca deveriam ter saído?


2) será que as mulheres deveriam voltar para a cozinha, de onde nunca deveriam ter saído?
3) será que os gays deveriam voltar para o armário?
4) será que os palestinos deveriam aceitar a opressão imposta por Benjamin Netanyahu?
A ordem social expressa por Pondé é avessa ao conceito de igualdade. Lembra até o pensamento da ex-colunista Danuza Leão, que disse que Paris perdeu a graça depois que ela descobriu que seu porteiro também podia visitar a cidade-luz (relembre aqui o caso).
Aliás, mais uma pergunta: o porteiro de Danuza deveria voltar para a guarita, de onde nunca deveria ter saído?
Esse tipo de discurso, tão ou mais do que o repúdio à corrupção, é o que alimenta a pregação do ódio a um partido político. Como expressou o cientista político André Singer em entrevista publicada neste fim de semana, há um fenômeno a ser estudado no Brasil: a rejeição da elite ao povo brasileiro.

Héder Molina é professor universitário. Em seu perfil do Facebook.

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