pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Pesquisa revela o peso da autoestima no rendimento escolar
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Pesquisa revela o peso da autoestima no rendimento escolar

  

A importância da autoestima para o processo de aprendizagem é muito maior do que se imagina. Isto foi o que ficou evidenciado no resultado de uma pesquisa desenvolvida pelas pesquisadoras Michela Camboim e Isabel Raposo, da Fundação Joaquim Nabuco. A pesquisa, intitulada “Determinantes do Desempenho Escolar na Rede Pública de Ensino Fundamental do Recife”, desenvolvida durante o ano de 2013, em 120 escolas públicas (estaduais e municipais) do Recife, investigou 146 turmas do 6º ano (5ª série), num campo de 4.200 alunos.
“Acompanhamos os alunos e comparamos o desempenho de cada um, através de duas provas de matemática que eles realizaram, uma no início e outra no final do ano, para ver se eles se saiam bem no teste”, disse a pesquisadora Isabel Raposo. Ela acrescentou que melhoraram na nota e tiveram aprovação os que se relacionavam mais com os  colegas, os que tinham mais amigos na sala de aula, os  mais novos em turmas de alunos mais velhos e aqueles que, mesmo subnutridos, tinham uma aceitação positiva dos seus pais. “Aqueles que conviviam bem no ambiente doméstico e na escola, que eram os mais sociáveis, tinham mais maturidade e eram aprovados pela família”, acrescentou a pesquisadora.
Essas particularidades dos alunos foram identificadas a partir de um questionário com 90 perguntas, aplicado entre a primeira e a segunda prova de matemática. Segundo a pesquisadora,  os alunos que as mães acompanham, repreendendo-os  quando eles erram, os que recebem elogios do professor quando acertam, os que se acham populares (têm muitos amigos), os que têm uma personalidade mais definida, são os mais aptos a se interessarem pelos estudos e de terem um desempenho melhor, tomando-se como referência a disciplina matemática.
Isabel comentou que a matemática, para o estudioso M. Gonçalves, é considerada de natureza difícil e emocionalmente muito intensa, podendo provocar nos alunos  emoções positivas ou negativas. Ressaltou que o sentimento de desinteresse pela disciplina pode acarretar um desinvestimento progressivo no trabalho escolar, afetando o  desempenho. E acrescentou que, na opinião dos pesquisadores Peixoto e Almeida, um dos aspectos que pode influenciar os tipos de emoções vivenciadas pelas pessoas é o autoconceito, que é visto como um constructo psicológico essencial a um bom desempenho acadêmico.
Seguindo o  raciocínio do teórico Harter, a pesquisadora explicita que o autoconceito e a autoestima estão intimamente ligados, mas não são a mesma coisa. O autoconceito abrange a opinião que a pessoa tem de si mesma, considerando seus sucessos e fracassos. A  autoestima engloba os sentimentos decorrentes deste autoconceito, trata-se  de um sentimento construído a partir do conceito que se auto-atribui, ou seja, como a pessoa se sente em relação a si mesma
O questionário elaborado pelas pesquisadoras Michela Camboim e Isabel Raposo foi baseado na escala de autopercepção de Harter e na teoria das habilidades não cognitivas de Heckman. O desenvolvimento do trabalho resultou numa base de dados única sobre auto-estima de alunos de escolas públicas, um diferencial em bases de dados sobre educação no país.

:: OBS: A pesquisa “Determinantes do Desempenho Escolar na Rede Pública de Ensino Fundamental do Recife” será apresentada, no formato de oito artigos, durante o 1º Workshop de Artigos Científicos, nesta quinta-feira, dia 4 de dezembro, das 8 às 12 horas, na sala Gilberto Osório, da Fundaj/Apipucos (rua Dois Irmãos, 98), um evento que é uma promoção da Diretoria de Pesquisas Sociais da Fundação Joaquim Nabuco. Veja, abaixo, a programação:
programaçãoprogramação
 Nota do editor: As duas fotos acima foram colocadas de propósito. A primeira mostra alunos, possivelmente oriundos de família de classe média tradicional, num festivo encontro em sala de aula. A outra, a dura batalha dos alunos de famílias empobrecidas sendo transportados para a escola em carroças, pela ausência de um transporte escolar mais digno. O fato ocorreu numa cidade do interior do Estado de Pernambuco e foi denunciado por um vereador local. Não quero entrar aqui nos determinantes econômicos da autoestima - também não sei se a pesquisa colocou essa variável no estudo - mas o bom-senso nos informa que, está difícil desenvolver a autoestima entre os alunos desse segundo grupo, da forma que estão sendo tratados pelo poder público. Tive a oportunidade de pagar uma disciplina com a professora Edla Soares, no CE/UFPE, onde ela procedia uma pesquisa sobre as condições sociais do educando, considerando que todos deveriam atingir um determinado estágio de aprendizagem, mas, consoante o grau de adversidades encontrada, chegariam em tempos distintos aos objetivos. O calendário acadêmico, naturalmente, era honradamente desrespeitado. Foi a maior lição de avaliação que já aprendi. Posteriormente, assim como ocorria com Miguel Arraes e Silke Weber - outra professora de saudosa lembrança - Edla se tornou um espécie de eterna Secretária de Educação de Jarbas Vasconcelos. Quando o caboclo enveredou pelo "caminho da perdição', ela se afastou do grupo. Em tempo. Saiu sem ver sua imagem chamuscada pelo oportunismo político. Tinha posições e convicções firmes.

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