pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: José Luiz Gomes: O eleitor consequente não mudaria seu voto em função das denúncias de Paulo Roberto.
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domingo, 7 de setembro de 2014

José Luiz Gomes: O eleitor consequente não mudaria seu voto em função das denúncias de Paulo Roberto.


As denúncias de Paulo Roberto Costa é o segundo avião a cair nessas eleições. Aliás, o terceiro avião, se considerarmos aqui o do Aeroporto de Claudio, que envolvia o candidato do PSDB, senador Aécio Neves. Os historiadores já teriam um bom mote para estabelecer suas referências sobre as eleições presidenciais de 2014. Estamos nos aproximando da pista de pouso e este é um momento de profundo acirramento, turbulências,bombardeios, manobras escusas e precipitações. Apertem o cinto. O momento do vale tudo, desde que os adversários sejam eliminados do jogo. Jornalistas experientes advertem sobre os cuidados em relação à matéria da VEJA, que deu uma enorme repercussão às declarações de Paulo Roberto Costa. 

Penso que o propósito subjacente é óbvio, ou seja, acionar a bomba no colo do Governo Federal, o mais prejudicado, sobretudo por se tratar do gestor de uma empresa estatal, a Petrobras, e ter alguns membros da base aliada envolvidos no escândalo. Não cremos que isso seja suficiente para trazer danos irreversíveis à candidatura de Dilma Rousseff. Primeiro porque se trata de uma gestora íntegra. Íntegra é incapaz de resolver o problema de corrupção por decreto ou governar sem os corruptos. Infelizmente, vamos precisar avançar bastante no Brasil em relação a essa questão. Trata-se de um problema mais ético/cultural do que propriamente econômico. Está instalado até a medula no país. Vai desde a propina ao guarda de trânsito até os altos corredores de Brasília. 

Existem algumas situações inusitadas. Em determinado momento, a presidente Dilma precisava indicar um nome do partido do senhor Paulo Roberto para assumir um cargo na Esplanada. Da lista apresentada, todos estavam envolvidos em maracutaias ou respondendo a processo por corrupção. Ou seja, "governabilidade" neste país é sinônimo de convivência com certo padrão na corrupção na máquina pública. Dilma recusou-se a fazer as indicações. Estávamos diante de um impasse. Muito mais do que um impasse, chantagens conhecidas. Conhecedora das atitudes equivocadas de Paulo, Dilma o demitiu da Petrobras. Um eleitor consequente e consciente, não deixa de votar em Dilma em função desse escândalo. Dilma está com as mãos limpas. O que precisamos é fortalecê-la e cobrar dela as reformas necessárias, que facultem ao governante, seja ele quem for, sentar numa cadeira respaldado pelos mecanismos e expediente republicanos que o permita governar sem compactuar com essas bandalheiras. 

A gestão tucana não tem qualquer moral para cobrar nada de Dilma Rousseff. Na sua época, os escândalos de corrupção do Governo eram simplesmente engavetados. Estão explorando o escândalo no guia, mas, acredito que não surtirá grandes efeitos. Marina também já montou seu timaço de gente do bem. Banqueiros gananciosos, o capital internacional, militares golpistas, a direita conservadora, uma leva de insatisfeito com as concessões da gestão petista ao andar de baixo da pirâmide social. O sistema político está doente e não nos parece haver cura a curto prazo. Precisamos, sim, nos mobilizarmos - como fizemos em junho - para exigir reformas como a fiscal, a política; fortalecimento dos órgãos de controle e fiscalização; novos padrões de relação entre representados e representantes; democratização da mídia; uma nova agenda pública de investimentos na saúde, educação, mobilidade etc. O dilema é claro: se há equívocos na gestão petista, não podemos nos permitir a um retrocesso ou a um tiro no escuro.

José Luiz Gomes da Silva é cientista político.

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