pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Marina Silva: Um debate limitado aos temas religiosos nas eleições de 2014
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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Marina Silva: Um debate limitado aos temas religiosos nas eleições de 2014







Não é muito comum acompanharmos o programa Conexão Manhattan, transmitido pela Globo News, mas, em razão da presença do cientista político José Álvaro Moisés, resolvi acompanhar o programa de ontem, dia 18. A linha editorial do Programa todos conhecem, embora algumas situações fujam ao controle, como entrevistados com um grau de altivez e independência que costumam embaraçar os repórteres. Atualmente, José Álvaro Moisés é professor da USP e foi, durante um período de sua vida, muito ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Salvo algum engano, participou de sua assessoria. 

A grande questão posta era a última pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, realizada antes mesmo do funeral do ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República, Eduardo Campos. Em analogia às pesquisas de boca de urna, essa pesquisa ficou popularmente conhecida como pesquisa de boca de cova, merecedora de muitas críticas por parte da imprensa. A pesquisa tentou aferir como o eleitorado iria se comportar diante da morte do ex-governador. Quem herdaria o seu espólio político, sobretudo com a sinalização clara de que Marina Silva(Rede) poderia substituí-lo na cabeça de chapa? Como ficariam Aécio Neves e Dilma Rousseff diante desse novo contexto? Apesar de Marina Silva aparecer bem na fita - com percentual que a coloca acima de Aécio Neves - o cientista político Álvaro Moisés sugere algumas ponderações. Há, de fato, uma grande comoção popular com a morte do ex-governador e isso, no Brasil, é um dado que costuma interferir nas eleições. Lembra o professor que o Golpe Civil-Militar no Brasil foi adiado por 10 anos, em razão da morte trágica do ex-presidente Getúlio Vargas. Foram os mesmos militares que derrubaram o ex-presidente João Goulart. 


Outro aspecto é que o perfil de Marina Silva reúne as condições de galvanizar essa comoção, sobretudo por sua figura aparentemente frágil, de olhos de ressaca, mansa, franzina, franciscana, possivelmente à lá dona Sebastiana. Soma-se a isso o caráter de religiosidade que sempre esteve afeito à sua figura. Por outro lado, existem uma série de outras questões embaraçosas que a candidata precisa enfrentar nessas eleições, o que pode determinar sua boa performance ou não. Exige-se, portanto, ponderação sobre a sua situação aparentemente confortável na pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha. Vamos aos fatos: a) Eduardo Campos era o grande articulador político da aliança PSB/Rede. Em vários momentos, nas quadras regionais, precisou aparar algumas arestas internas com a sua companheira de chapa, sempre com o propósito de costurar alianças locais. Como ficariam essas divergências regionais – em colégios eleitorais importantes – uma vez que ela assume a cabeça de chapa? b)A ortodoxia religiosa de Marina Silva também se constitui num grande entrave com segmentos sociais importantes, como os grupos LGBT e com grupos feministas; c)As posições ambientalistas de Marina Silva chocam-se frontalmente com setores econômicos como o agronegócio, que vive de birra com a irmão desde a época em que ela ocupava o Ministério do Meio-Ambiente, no Governo Lula. Marina, portanto, tem uma série de arestas a serem aparadas daqui para frente. Por seu temperamento, não costuma ceder em suas posições, o que, pragmaticamente, constitui-se num entrave. Muita cautela, portanto, com essa “onde” que está sendo inflada por setores sabidamente conservadores do eleitorado. Em artigo publicado aqui no blog, o professor Michel Zaidan observa que poderemos ter um embate eleitoral centrado na religiosidade, o que empobrece a discussão sobre as questões que realmente importam ao país. 

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