pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: #OcupeEstelita #ResisteEstelita: Marília não nos representa
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quinta-feira, 3 de julho de 2014

#OcupeEstelita #ResisteEstelita: Marília não nos representa


Os grupos vão mudando ao longo de sua história e seria até natural que assim o fosse. Há uma série de teorias no campo da antropologia, sociologia e psicologia que procuram explicar essas motivações ou incentivos para tais mudanças. Os partidos políticos e sindicatos, por exemplo, de acordo com o sociólogo alemão Robert Michels, tendem ao que ele classificou como "Lei de Ferro das Oligarquias", ou seja, acabam entrando num processo de oligarquização, hegemonizado por algumas lideranças. Isso seria inevitável, segundo o autor. Por outro lado, de acordo com o cientista político italiano, Angelo Panebianco, embora as mudanças tornem-se inevitáveis, as primeiras rodadas do jogo na formação de um grupo ou organização deixam um "residual" que acompanharia aquela organização para o resto da vida. No caso brasileiro, e em particular em relação a um partido político, talvez o exemplo mais emblemático seja o Partido dos Trabalhadores, cujo processo de oligarquização já produziu até teses de doutorado na academia. Por outro lado, apesar das mudanças verificadas ao longo do tempo, ainda resistem tendências na agremiação que se identificam com a mesma plataforma política da década de 80, quando o partido surgiu. Estão relativamente isoladas, é certo, mas resistem e fazem um barulho danado. Isso veio à tona a partir da enorme polêmica criada em torno da foto da vereadora Marília Arraes(PSB), vestindo uma camisa do Movimento #OcupeEstelita, na porta do seu gabinete. A foto, de acordo com as últimas informações, teria sido retirada do perfil do Grupo Direitos Urbanos. A alegação é a de que a postagem teria sido de caráter pessoal, de um integrante do grupo. Acompanho o grupo desde os tempos das "vacas magras", quando a rapaziada resolveu se mobilizar em torno de alguns projetos de intervenção urbana no Recife. Hoje, com mais de 26 mil membros, é difícil concluir sobre o perfil de formação acadêmica dos seus membros, mas, no início, existia muita gente oriunda dos cursos de arquitetura, designer, publicidade e possivelmente jornalismo. O grupo cresceu, projetou-se, obteve algumas conquistas importantes em sua luta. O #OcupeEstelita, apesar do boicote da imprensa local, ganhou espaço até mesmo em publicações internacionais. Primeiro é preciso informar que a matriz ou modelo de intervenções urbanas na cidade do Recife segue um receituário que alia apenas os interesses do capital, consorciado com o poder público. A população foi excluída desse debate, apesar dos "conselhos" da Prefeitura do Recife que deliberam sobre tais intervenções. Até recentemente, no caso específico do Projeto Novo Recife, o prefeito Geraldo Júlio reconheceu que o projeto foi aprovado sem atender a alguns pré-requisitos. Movimentos como o #OcupeEstelita cumprem um papel importantíssimo no sentido de colocar a população para decidir os rumos urbanísticos para a cidade. Tenta-se "desobstruir" canais antes interditados, apesar da solene indisposição do poder público. Se considerarmos os inúmeros projetos aprovados ou em andamento, duas conclusões são evidentes: Seguem uma matriz única, seletiva, ditada pelo mercado, com a anuência do poder público, desprezando aspectos relacionados ao meio ambiente e ao bem-estar da coletividade. Afinal, dentro dessa nova lógica, cidadania tornou-se um conceito que apenas se aplica aos ditos cidadãos-consumidores. Uma outra conclusão é que chegamos tardiamente ao debate, embora antes tarde do que nunca. Há projetos para a Rua da Aurora; para a antiga vila operária da Av. Cruz Cabugá, onde a iniciativa privada ocupará algo em torno de 70% do terreno; projetos em andamento no bairro da Várzea, que comprometem a mata ciliar do Rio Capibaribe, além de jogar os esgotos no seu leito. Esses são apenas alguns dos que conseguimos lembrar no momento. Argumenta bem quem, no DU defende a abertura de participação de atores ligados ao poder de Estado, inclusive do Legislativo. Parlamentares de confiança podem, inclusive, fazer um link importante, propondo, debatendo, apresentado emendas, projetos de lei. Diria até que eles são imprescindíveis, em algumas situações específicas, no sentido do encaminhamento das demandas do DU. O que não nos parece muito coerente é recebermos esses apoios, em época de eleição, ancorados em projetos pessoais, como parece ser o caso da vereadora Marília Arraes, apresentada por um entusiasmado membro como a herdeira legítima do senhor Miguel Arraes. Sentimos informar que Arraes não deixou herdeiro na política. Foi um cidadão singular. Até mesmo o estatuto do PSB foi rasgado em função de arranjos políticos. Depois da enorme repercussão do movimento, algumas figuras de proa do PSB resolveram aderir ao movimento, numa atitude típica de free rider, ou seja, carona. O poder político é algo tão complexo que eles chegaram até mesmo a brigarem entre si sobre a responsabilização da reintegração de posse. Pensamos que nesse episódio o atual governador, João Lyra, tenha sido usado como "bode expiatório". Trata-se de uma atitude de conveniência. Próceres figuras carimbadas do partido estão comprometidas com os interesses em jogo das empreiteiras que financiaram suas campanhas. A dissidência aberta pela vereadora não ocorre por nenhum "encargo de consciência". É uma questão, conforme afirmamos ontem, puramente pragmática. Se houvesse um consenso no sentido de o partido apoiar o seu pleito à Câmara Federal, certamente, ela estaria onde sempre esteve: do lado de lá. Torna-se, necessário, portanto, que o grupo DU estabeleça critérios rígidos no sentido de disciplinar essas adesões espontâneas, momentâneas e ocasionais, movidas por interesses eleitorais. Estamos cheios disso. Embora admita que não tenha uma militância orgânica com o grupo, penso que políticos com esse perfil não nos representam.

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