pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O pastelão político do assessor de Campos que disse que tinha coca para Aécio
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segunda-feira, 9 de junho de 2014

O pastelão político do assessor de Campos que disse que tinha coca para Aécio

Postado em 09 jun 2014
Bahé, à esquerda, com amigos na passagem do ano
Bahé, à esquerda, com amigos na passagem do ano
É com certeza uma das histórias mais cômicas – e reveladoras — da campanha de 2014.
Digamos assim: um pastelão político.
Primeiro, foi uma postagem no seu Facebook em que o coordenador de mídias sociais de Eduardo Campos, Marcos Bahe, escreveu o seguinte, conforme registrou ontem à noite mesmo o DCM: “Vai ter Coca, Aécio.”
Era uma alusão à cocaína, é claro. O disfarce pouco sutil da cacetada era o nascimento dos filhos de Aécio, embora pouca gente comemore a chegada de crianças com Coca Cola. A partir dos três ou quatro anos, talvez.
Mas Bahe tinha pressa para veicular sua postagem. Não dá para imaginá-lo guardando a piada infame por alguns anos.
O final da história é previsível: Bahe foi demitido. Mas a comédia permaneceu: ele disse que tinha escrito aquilo para um grupo restrito de amigos, e por engano suas palavras ganharam o público.
Acrescentou hashtags hilariantes: #vacilo, #destavezfuieu e #sorry.
Note que não houve um pedido de desculpas específico nem a Eduardo Campos e nem, muito menos, a Aécio Neves.
Uma possível aliança que começara em sorrisos e troca de afagos explodira espetacularmente numa mistura de Coca e cocaína.
A parte mais divertida da comédia, para mim, veio do site da Veja, na seção Radar, de Lauro Jardim.
Pessoalmente, me fez rir intensamente na noite de domingo. Aqui, o texto. Sugiro que você vá direto aos comentários.
Lauro registrou o texto de Bahe. Era, em si, um fato engraçado: em plena Veja, adepta fanática de Aécio, a questão da cocaína era levada ao público.
Mas o melhor veio dos leitores. Duas ou três vezes li os comentários para renovar minhas risadas.
O melhor comentário que li dizia o seguinte: “Cheira, mas faz.”
Clap, clap, clap.
Outro dizia: “Este filho de Francisco é petista.” Um foi mais direto neste ponto: “O filho do Chico Buarque está perdido com essa assessoria.”
Um outro decretava: “Olhos azuis: sinônimo de pessoas traiçoeiras.”
Sobrou para o jornalista do Radar também.
“Eu acho Lauro Jardim petista.”
A influência de Reinaldo Azevedo nos leitores da Veja estava evidente. Dezenas de comentários usavam a expressão “petralhas”, que Azevedo se orgulha de haver criado como se se tratasse da Comédia Humana de Balzac, ou de Em Busca do Tempo Perdido de Proust.
Parece esperar um Prêmio Pulitzer, ou quem sabe um Nobel de Literatura, pela forma obsessiva como reivindica a expressão “petralha”.
Um outro leitor fez uma análise: “Campos é o genérico do PT. Ainda sonho com Jair Bolsonaro, contudo querer ganhar voto na base da desqualificação do adversário é petralhice.”
Aí se vê que, hoje, Reinaldo Azevedo, Bolsonaro e a Veja se misturam na cabeça dos leitores da revista.
Aécio foi intensamente defendido. Um leitor exeortou cada um dos demais a convencer cinco eleitores a votar nele, Aécio, para livrar o país dos petralhas. Mas, ainda que em medida pequena, sobrou até para o defendido. Um dos debatedores disse que Aécio aparelhou, sim, Minas, ao contrário do que gosta de dizer. Cita o caso do marido de sua irmã, Andrea Neves, nomeado para uma diretoria no Sebrae de Minas.
Um outro leitor pontificou: “O uso de drogas pode levar ao nascimento de filhos defeituosos, com problemas! É interessante que o marqueteiro do Campos analise bem isso.”
Pausa aqui.
Escrevi outro dia sobre política de comentários nos sites. Um site não é nem mais nem menos do que os leitores que atrai e que nele expressam suas opiniões.
Se um dia os anunciantes do site se detiverem para ver a quem chegam seus anúncios, provavelmente levarão um susto.
Os melhores sites do mundo moderam os comentários para evitar que sociopatas os inundem com suas mensagens de ódio. O NY Times tem uma equipe dedicada a fazer isso. No DCM, eliminamos comentários de quem propaga sua sociopatia delirante.
Mas a Veja se tornou um dos redutos prediletos do que há de mais baixo entre quem comenta em sites. Como notou Caetano Veloso, Reinaldo Azevedo parece se orgulhar dos malucos que o aplaudem a cada pancada nos petralhas, no Apedeuta etc etc.
Entre todos os comentários da nota de Lauro Jardim um dizia tudo: “É melhor cheirar do que feder”.
Sim, é claro, os petralhas, segundo ensinou a Veja a seus leitores ao longo destes anos, fedem.
Eu tinha dito que era uma prova de completa desconexão com a realidade o PSDB indicar um candidato com a fama – merecida ou não – de consumir cocaína.
Não era, sob o ângulo do PSDB, uma questão moralista – mas política, essencialmente política.
A conta fatalmente viria. O Roda Vida – em que o assunto consumiu doze intermináveis minutos – foi apenas o primeiro sinal disso.
O segundo veio ontem.
Achar que uma candidatura possa decolar em tais circunstâncias – e sem que haja ideias poderosas a empurrá-la – é, em si, mais uma piada.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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