pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Michel Zaidan Filho: O Neo-desenvolvimentismo da Era Eduardiana em Pernambuco
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terça-feira, 29 de abril de 2014

Michel Zaidan Filho: O Neo-desenvolvimentismo da Era Eduardiana em Pernambuco

            
 No último dia 26 deste mês, o Espaço Socialista realizou um grande seminário intitulado: "Outro Pernambuco é possível", diagnósticos e perspectivas, cujo fim era analisar os resultados dos dois mandatos do ex-governador e candidato, e traçar  diretrizes para as eleições estaduais e nacionais de outubro.
                                Uma das mesas tratava especificamente do "neo-desenvolvimentismo" como característica da política econômica empregada por Dilma e pelo ex-mandatário de Pernambuco. Esse é um tema que suscita muitas paixões e discussões acaloradas. Estivemos ou não diante de um ciclo virtuoso de investimentos, emprego e renda, que começou no governo do PT e que ainda continua, como afirma o ministro Aloizio  Mercadante?  Ou estaríamos no fim desse ciclo e experimentando as consequências da crime econômica mundial sobre o país? - Essa é a questão.
 
                               O governo do presidente LULA foi altamente beneficiado pelo "céu de brigadeiro" da economia internacional. Acumulou divisas. Exportou as "commodites". Teve um bom desempenho nos índices de crescimento econômico. Controlou a inflação. Manteve o equilíbrio (com superavit) da balança comercial. Distribuiu renda através de bolsas, aposentadorias e aumento do salário real. Mas a situação mudou, com a posse da presidente Dilma. O "céu de brigadeiro" da economia internacional se foi. Veio uma tempestade iniciada com o estouro da bolha imobiliária norte americana e da crise do euro. Essa crise que atinge diretamente o resto do mundo, dado o grau de interdependencia da economia mundial, foi enfrentada no Brasil com um conjunto de medidas econômicas, chamado de "neo-desenvolvimentismo", em referência à política desenvolvimentista de Getúlio Vargas. Em flagrante oposição ao fundamentalismo fiscal do governo de FHC, que privilegiou o combate a inflação com uma terapia fiscal e financeira (taxa de juros, superavit fiscal  alto, e meta de inflação apertada), o governo Dilma resolveu estimular a economia do país, num contexto de crise internacional, através do financiamento público-estatal de obras de infra-estrutura (o PAC e as obras da COPA), o consumo privado das famílias e a venda de automóveis, casas e eletro-domésticos por meio da isenção do IPI.
Essa estrategia funcionou durante um certo tempo, até atingir sua exaustão com o inadimplimento dos consumidores, o fim da redução do IPI, o encarecimento do crédito, o superávit primário alto, o desequilíbrio da balança de pagamentos, a retomada da inflação, o baixo crescimento econômico e o estrangulamento da infra-estrutura do país (a crise energética, entre outros pontos do estrangulamento).
                          A estratégia neo-desenvolvimentista esgotou-se no endividamento do país e das famílias. No formidável acocho das finanças públicas (44 bilhões de reais) para o pagamento do serviço da  astronômica dívida interna. No aumento do preços administrados. Na volta da inflação. O que constitui, naturalmente, o  principal obstáculo para a reeleição da presidenta. Nem tanto as denúncias de corrupção na Petrobras.
                          Em Pernambuco, a situação não foi muito diferente. Quem vai pagar os custos desse "desenvolvimento" são os contribuintes. Beneficiado, como foi, por essas medidas federais, o ex-governador se comportou como um autêntico "salesman", um vendedor dos ativos da Estado de Pernambuco, através de uma farta e generosa renúncia fiscal e liberalização da legislação de proteção sócio-ambiental. O impacto desse pletora de negócios sobre a população do Estado já se faz sentir. Como uma modalidade "espúria" de política neo-keinesiana", ela só copia um lado da moeda, sem se preocupar com os efeitos danosos sobre o meio-ambiente, as comunidades locais afetadas por esses empreendimentos, a alta do custo de vida, os inúmeros constrangimentos infringidos à população, o desrespeito aos mais comezinhos direitos dos mais pobres e a violência empregada contra a oposição.
 
                         Passada essa quadra (com o fim dos jogos da Copa do Mundo), vamos avaliar se sobreviveremos até as eleições. Aí, teremos um quadro realista das condições sócio-econômicas e ambientais do país e do estado, para escolher que modelo de desenvolvimento queremos para nós.
 
Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador e professor da Universidade Federal de Pernambuco. 
 
 
 

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