pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES ESTADUAIS DE 2014: Azedou o pirão do "cozido" entre o PMDB e o PSB
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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES ESTADUAIS DE 2014: Azedou o pirão do "cozido" entre o PMDB e o PSB








José Luiz Gomes escreve:
                                   

Logo no final das últimas eleições de 2010, onde conseguiu reeleger-se derrotando um conjunto de forças que se colocaram contra sua candidatura, começamos a antever algumas possibilidades sobre o futuro político do prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio. A centrífuga política montada pelo Palácio do Campo das Princesas, naquelas eleições, envolveu uma articulação federal, estadual e municipal. Desde muito antes daquelas eleições, o Campo das Princesas, iniciou um ousado projeto de “arrumação do cenário” ideal para derrotá-lo nas urnas, fazendo de Fernando Bezerra Coelho Filho o prefeito da cidade. Apesar de jovem, o médico petrolinense resistiu às investidas, jogando como gente grande, manobrando no limite de suas forças, ancorado numa gestão muito bem avaliada pela população. Abertas as urnas, o Campo das Princesas havia amargado mais uma derrota.
                                   Desde então, o jovem médico, tornou-se uma espinha atravessada na traqueia do Palácio do Campo das Princesas, reunindo em torno de si uma banda do clã dos Coelhos, numa região estrategicamente importante, a do Sertão do São Francisco, considerada uma das vértices do “Triângulo das Bermudas” da geopolítica do voto no Estado. Lóssio não segue a orientação do PMDB de Jarbas Vasconcelos. Não participou do “cozido” organizado por este em sua casa de praia do Janga, com a presença de “eduardistas” de carteirinha assinada, onde foram celebrados alguns acordos, como um possível apoio de Eduardo Campos à sua reeleição ao Senado Federal. Com o capital político obtido, Lóssio mostra-se altivo e, de certa forma, independente. Quando chegou a ser aventada a possibilidade de ingresso do ministro Fernando Bezerra Coelho na legenda, Lóssio foi taxativo: Ele entra por uma porta e eu saio pela outra.
                                   A legenda não esconde que tem planos para o médico petrolinense. Petrolina, distante mais de 700 km do Recife, tornou-se estratégica para a agremiação, sobretudo quando se considera a montagem de um paulatino programa de independência do PT em 2018, algo que precisa ser construído desde já. Não precisamos informar aqui porque, nesse jogo, uma cidade como Petrolina é importante.
                                   Em política as coisas não acontecem, necessariamente, como o planejado. A própria dinâmica dos acontecimentos e as motivações dos atores políticos se encarregam de desfazer o que fora acordado. Na política pernambucana, por exemplo, temos vários exemplos do que estamos afirmando. A União por Pernambuco tinha um projeto todo escalonada para a ocupação do Palácio do Campo das Princesas e do Palácio Antonio Farias. Um fato novo, a eleição de João Paulo(PT), desmanchou toda o planejamento, antecipando o esfacelamento daquela nucleação política. Apesar da reaproximação com Eduardo Campos, Jarbas Vasconcelos ainda não perdoa o “corpo mole” de Sérgio Guerra nas eleições para o Governo do Estado em 2010, quando ele não contingenciou os prefeitos sob seu comando a votarem no candidato da oposição.
                                   Naquele momento de “eduardolização da política pernambucana”, a Jarbas não restou alternativa se não aliar-se ao seu antigo inimigo, com o objetivo de viabilizar seu projeto de continuar no Senado Federal. De sobremesa, regada a doce de jaca, também ficara acertado o apoio dos socialistas ao projeto de fazer de Jarbinha vereador do Recife, o que acabou não acontecendo. Recentemente, Geraldo Júlio arrumou um cargo para ele na Prefeitura da Cidade do Recife, quem sabe como prêmio de consolação, fato que repercutiu bastante nas redes sociais.
                                   Como Eduardo sempre desejou alçar voo sem nebulosidades na província, a reaproximação previa o apoio do senador ao seu projeto presidencial, algo assumido entre uma garfada e outra, durante o próprio “cozido”, levando o senador, enfaticamente, a reafirmar sua candidatura como uma dissidência petista. Aliás, muito enfaticamente: Eduardo apenas se viabilizaria eleitoralmente se viesse a afastar-se do PT. Mais tarde se comentou que esse teria sido o motivo real da indisposição de Lula com o seu amigo pernambucano. Jarbas figura na famosa cadernetinha de Lula como um dos “urubus voando de costa”.
                                   Naquele momento específico, as nuvens eram muito favoráveis ao pernambucano. Não havia ainda o nível de desgaste com o Planalto – hoje no limite; setores importantes do establishmen já sinalizam com possível apoio ao seu nome; sua avaliação estava nas alturas. Hoje, o cenário é outro. Há um conjunto de variáveis políticas sobre as quais o pernambucano não tem nenhum controle. Soma-se a isso, a partir das mobilizações de rua, uma crescente insatisfação da juventude pernambucana no que concerne aos métodos de enfrentamento dos protestos, algo não devidamente amadurecido pelo seu staff de segurança pública. Há um outro tipo de violência no bojo desses protestos, ou seja, uma “violência” que atenta contra o status quo, o que requer uma estratégia correta de seu enfrentamento, sempre usando as prerrogativas do poder de polícia nos parâmetros do Estado Democrático de Direito.
                                   Como uma raposa à espreita, Eduardo espera o momento mais oportuno para dar o bote, mas não descarta a possibilidade de continuar onde estar, sobretudo com a possibilidade de outro “bicho” sair da toca. Não há dúvida que hoje ele possui uma capilaridade política que interessa tanto a oposição quanto ao Planalto. Eis o motivo pelo qual a presidente Dilma Rousseff, apesar do desconforto,  ainda não demitiu seus comandados no Governo, embora receba enormes pressões. Política, afinal, não se faz com o fígado, como diria o conselheiro Acácio.
                                   Considerando esses novos cenários, o acordo com Jarbas não necessariamente será rompido, mas a vaga ao senado pode ser uma das opções do governador Pernambucano. A cassação de Júlio Lóssio teria sido urdida na cozinha do Palácio do Campo das Princesas, o que elevou ainda mais a temperatura das animosidades entre este o governador Eduardo Campos. Ainda não existe, por parte do Governo, a definição de nome para a disputa do Governo do Estado em 2014. Por outro lado, ontem, um colunista da política local, andou informando que, independentemente da indefinição da cabeça de chapa, o governador já teria batido o martelo sobre o nome de Raul Henry como postulante a vice-governador, o que reforça a hipótese de não ruptura com o grupo peemedebista comandado pelo senador Jarbas Vasconcelos.
                                   Mais isso, como já afirmamos, para Júlio Lóssio, não quer dizer muito coisa. O caboclo está bastante motivado e deliberadamente, não obedeceu às ordens para colocar o pirão do “cozido’ na geladeira, evitando, assim, que o mesmo pudesse azedar. Prefere mesmo uma chã de bode, saboreada às margens do São Francisco.

contato: jluizpesquisas@yahoo.com.br

Nota do Editor: Mesmo diante de um quadro onde aqueles municípios do chamado "Sertão do São Francisco" representam apenas um pouco mais 5% do eleitorado do Estado, há de se considerar a necessidade que se impõe a quem tentar o Palácio do Campo das Princesas, vindo daquela região, de "metropolitanizar-se", ou seja, ganhar musculatura eleitoral em regiões muito mais densas eleitoralmente falando, como a região metropolitana do Recife. Não resta dúvida de que o governador Eduardo Campos reúne amplas condições de fazer seu sucessor, mas há algumas situações que remetem às costumeiras inquietações. Armando Monteiro(PTB), por exemplo, lidera as primeiras pesquisas de intenções de voto, embora não tenha sido ungido pelo governador. Armando pode, inclusive, fechar com setores da oposição ao Campo das Princesas. Em pesquisas de intenções de voto para a presidência da República, Eduardo perde para Dilma no Estado.


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