pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: outubro 2012
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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dr. Arraes: Deus te livre desses urubus voando de costa, Dudu.



 


Pelo andar da carruagem política, os urubus estão em revoada. Logo após a apuração das urnas, Agripino Maia, presidente do DEM, e Arthur Virgílio, prefeito eleito de Manaus pelo PSDB, direcionaram suas artilharias mirando 2014. Esse alinhamento conservador em torno de Eduardo Campos é uma das possibilidades de viabilizar seu projeto presidencial. Uma das hipóteses seria uma composição com o PSDB, PMDB e DEM, algo em processo de gestação já faz algum tempo. Há quem diga que ele não ficaria a reboque dessas forças, mas isso é apenas retórica. Picado pela mosca azul, o sujeito é capaz de transar com Deus e com o diabo, como diria o compositor Zé Ramalho. Em política, dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo. A hipótese de um afastamento da base aliada de Dilma não seria tão desejável, mas a conjuntura política pode determinar. O dois urubus citados acenam com o apoio ao nome de Eduardo Campos, quem sabe já para 2014. Arthur Virgílio, inclusive, causou um mal-estar no partido ao sugerir que tanto Aécio quanto Eduardo poderiam  ser o cabeça de chapa numa composição com os tucanos. Vejam como as nuvens se movimentam em política. Antes de tirar o nome de Dilma Rousseff do colete, segundo se comenta, essa seria a chapa dos sonhos de Luiz Inácio Lula da Silva. Tentou-se, até mesmo, tirar Aécio Neves do ninho tucano, tentativa não muito bem-sucedida. Se Dr. Arraes estivesse vivo, Eduardo, certamente te aconselharia: Deus te livre desses urubus voando de costas, Dudu.

Irmãos Ferreira Gomes: A oposição oa projeto presidencial do PSB em 2014.



 

Um repórter certa vez nos perguntou quais seriam as conseqüências dessa oposição interna que Eduardo Campos enfrenta no PSB para os seus projetos presidenciais. O Ceará é um colégio eleitoral importante e os irmãos Ferreira Gomes fazem um barulho danado, mas nada que possa impedir que Eduardo reavalie seus planos em função dessa oposição. Um semeador de intrigas já nos confidenciou que o Planalto tem interesse em alimentar essas animosidades entre Eduardo Campos e a família Ferreira Gomes, o que não seria improvável. Já faz algum tempo que eles não se entendem. Nas eleições de 2010, Eduardo Campos demoveu Ciro do projeto de candidatar-se à presidência da República pelo PSB, atendendo a um pedido de Lula. Isso não foi muito bem digerido por Ciro. Manobras do Planalto também foram bem-sucedidas no sentido de afastarem os Ferreira Gomes do ex-senador Tasso Jereissati, um velho aliado do clã. Depois, eleita Dilma, também não houve um entendimento harmonioso sobre a parte que te toca desse latifúndio, ou seja, a divisão do bolo do PSB no Governo. Apesar da disputa acirrada entre Elmano Freitas e Roberto Cláudio, nessas últimas eleições municipais, o governador de Pernambuco não foi convidado para emprestar o seu apoio à candidatura do partido, que se sagrou vitoriosa nas urnas. Embora não seja nada interessante para o partido perder o concurso desses dois políticos, isso, definitivamente, não se traduz num empecilho ao projeto presidencial de Eduardo Campos.

Fernando Haddad: Seu governo já começou!!!








 
Pinçado à Brasília a partir de um trabalho que vinha realizando numa secretaria da gestão Marta Suplicy, em São Paulo, Fernando Haddad caiu nas graças de Lula. Fez dele seu ministra da Educação, agora prefeito de São Paulo e, dizem, há planos de viabilizá-lo até mesmo para um projeto presidencial. Já confessamos ter uma grande admiração pelo senhor Fernando Haddad, sobretudo pela implantação de políticas afirmativas à frente do Ministério da Educação, amplamente favoráveis ao andar de baixo da pirâmide social, como o ProUni. Outro feito foi reabertura dos restaurantes universitários, alguns deles fechados na gestão de FHC, como o da UFPE, inclusive oferecendo refeições gratuitas aos alunos mais carentes. São questões que, não raro, passam despercebidas pela imprensa. Já escrevemos vários artigos sobre o assunto e, certamente, passaríamos um longo tempo aqui enumerando os acertos de sua gestão. Quanto à sua candidatura, desde o início afirmamos que não acreditávamos nesse projeto. Até afirmamos que teria sido melhor mantê-lo no órgão a embarcá-lo na canoa furada das eleições paulistas. Próceres petistas – mesmo aquele que não apenas defendiam o seu quintal paulista – também se mostraram reticentes ao projeto Haddad. O feeling apurado e a intuição política de Lula provaram que estávamos errados. Pois bem. Terminada as eleições, o homem já colocou o barco na rua, conversando com o seu padrinho Lula já numa perspectiva de composição de governo, com o governador Geraldo Alckmin e com a presidente Dilma Rousseff, sempre tratando de assuntos de governo.   

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O Blog do Jolugue e a cobertura do segundo turno das eleições.


O blog acompanhou o processo eleitoral do segundo turno pelas redes sociais, informando, em tempo real, tudo o que estava ocorrendo, sobretudo através do Facebook. Logo cedo, começamos postar nossos comentários acerca da análise do processo, culminando com as observações após o término das eleições, no finalzinho da tarde e início da noite. Onde as eleições estavam mais polarizadas – caso de Salvador e São Paulo – o público participou, deixando seus comentários e “curtidas”. Avaliamos cenários políticos como os de João Pessoa, Fortaleza, Salvador, São Paulo, Belém, Campinas, entre outros, apontando, inclusive, as conseqüências políticas da eleição, deste ou daquele candidato, consoante a perspectiva nacional que se desenha para 2014 e 2018. No primeiro turno, adotamos o mesmo procedimento e, certamente, repetiremos a dose nas próximas eleições, com análises consistentes, baseadas no nosso acompanhamento sistemático da quadra política brasileira, no geral, e, mais detidamente, pernambucana. O blog, quando comete equívocos, não tem a menor cerimônia em reconhecê-los. Sempre mantivemos uma grande admiração pela pessoa do senhor Fernando Haddad, mas não acreditávamos muito no seu desempenho nas eleições de São Paulo. Eu e a torcida do flamengo. Por vezes, por sua integridade como homem público e pela grande gestão que vinha fazendo no Ministério da Educação, afirmávamos que ele talvez devesse ter sido mantido no cargo. Lula provou que estávamos errados... Um grande abraço a todos!!!
 

ACM Neto: O ovo da serpente do carlismo?


Não vejo imagem melhor para analisar o quadro da eleição de ACM Neto em Salvador do que a imagem do filme “O ovo da serpente”, do cineasta sueco Ingmar Bergman. Logo que postamos, através das redes sociais, nossas primeiras observações, a reação do público foi bastante radical, ora apoiando cabalmente o projeto, ora falando de um possível retrocesso no quadro político baiano. A eleição de ACM Neto e Arthur Virgílio, muito mais do que qualquer outro caso, pode ser creditado como uma derrota do Planalto, precisamente de Lula, pelas razões já expostas aqui no blog. Em Salvador, montou-se um amplo arco de forças políticas em torno da candidatura de ACM com o objetivo de derrotar Nelson Pelegrino, o candidato do PT, atingindo o governador Jaques Wagner e, por tabela, Lula. Prospecta-se para 2014 o alinhamento do carlismo com setores do PMDB, de olho no Palácio de Ondina. Diferentemente do que ocorreu em São Paulo, ainda é prematuro avaliar as causas da volta do carlismo em Salvador. Atribui-se, entre outros fatores, o desgaste proporcionado pela greve de policiais e professores ao Governo de Jaques Wagner. Essa seria a primeira experiência executiva do neto de Antonio Carlos Magalhães. Trincado com o Governo do Estado e com o Palácio do Planalto, é inegável que ele precisará de muita vaselina política para se relacionar com ambos. ACM Neto faz política desde muito cedo. Depois da morte de Luiz Eduardo Magalhães, certamente é ele o representante mais relevante do clã. Depois da morte de ACM, o velho, a família desintegrou-se, expondo evidentes rachaduras, motivadas, sobretudo, em razão do espólio econômico do avô. A volta do "carlismo", portanto, se entendido como um conjunto de forças que gravitavam em torno de ACM - algumas lideranças forjadas nesse período estão de volta com a eleição de ACM Neto - é até compreensível. Por outro lado, há um pouco de exagero de retórica nessa expressão, uma vez que, strictu sensu, o conjunto de forças políticas atuais não tendem a repetir o estilo do velho babalorixá da política baiana. Não chega a ser, portanto, um ovo da serpente, numa alusão ao filme de Bergman. 

sábado, 27 de outubro de 2012

Timbaúba: Deu no The Economist


 
 
A matéria do semanário britânico, The Economist - que alcançou enorme repercussão na mídia nacional - onde aborda a gestão do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, começa por Timbaúba. Naquela cidade, na década de 80, lembra a revista, o antropólogo Nancy Scheper-Hughes realizou um trabalho de campo sobre as condições de vida das pessoas que trabalhavam no corte da cana. Concluiu, naturalmente, o óbvio. Uma quadro degradante. Pessoas precocemente envelhecidas – lembrei logo de Dona Severina, da comunidade quilombola do antigo Quilombo do Catucá, Goiana, que visito com meus alunos – alcoolismo e mortalidade infantil  “sem choro”. O aspecto positivo da matéria é o reconhecimento dos resultados obtidos pela rede de segurança social implantada no Governo Lula, inclusive com dados concretos sobre a economia do município hoje. Logo em seguida, a matéria faz uma avaliação positiva do Governo de Eduardo Campos, não deixando de observar algumas críticas dos seus adversários. Para não perder o “sotaque”, alimenta as intrigas entre Eduardo e o PT – apresentando-o como um obstáculo ao projeto de reeleição de Dilma – e ainda classifica o estilo do seu avô, Dr. Miguel Arraes, como “antiquado”. Se a revista fosse mais cuidadosa ou tivesso consultado a tese do antropólogo, teria reconhecido que foi no Governo Arraes que grandes acordos foram celebrados no campo, beneficiando o andar da baixo da pirâmide social.

 

 

 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

José Serra: Diante de uma derrota iminente, o PSDB procura uma saída honrosa para ele.


Diante dos fatos – uma derrota iminente na capital paulista – o PSDB já procura uma saída honrosa para José Serra. Possivelmente um cargo burocrático na máquina partidária, uma vez que, derrotado mais uma vez e com uma taxa de rejeição nas alturas – o melhor encaminhamento seria   mantê-lo em banho-maria, evitando sua exposição durante algum tempo. Trata-se de uma situação um pouco complicada, uma vez que, mal nas urnas, Serra também saiu fragilizado dos últimos embates internos dos tucanos. Não vamos voltar aqui a comentar sobre os equívocos cometidos por Serra na campanha paulista. Já tivemos a oportunidade de fazê-lo em outros momentos. Serra ostenta uma taxa de rejeição, segundo o IBOPE, da ordem de 42%, algo que praticamente inviabiliza suas expectativas políticas neste momento e num futuro próximo. Eleito Haddad, comenta-se que o PT trabalha o nome do Ministro Alexandre Padilha como candidato ao Governo Paulista nas eleições de 2014. Lula parece mesmo cansado das velhas caras do Partido dos Trabalhadores. Como não fez em relação à Haddad, parece sentir a mesma disposição em negociar com os grãos-petistas a indicação do nome de Padilha. Um longo e tenebroso inverno aguarda José Serra. O PSDB cometeu, conforme afirmamos, alguns equívocos evidentes. O pior dele foi ter mantido o nome de Serra como candidato. Havia várias opções de renovação dos quadros do PSDB paulista.

O socialista Aécio Neves


Por alguns momentos, sobretudo nas últimas postagens, comentamos sobre a estratégia adotada pelo governador Eduardo Campos em relação ao Partido dos Trabalhadores. Para não cansar o eleitor do blog, vamos aguardar o formato das próximas nuvens políticas e, se as mesmas não continuarem tão nubladas, quem sabe possamos fazer uma avaliação com mais elementos, embora, em certo sentido, a estratégia é clara: ele acende uma vela a Deus e outra ao Diabo da mosca azul. Num dos seus últimos comentários, fez referência aos apoios que vem recebendo do PT neste segundo turno, argumentando que o seu partido apóia mais o PT do que o PT apóia o PSB. O senador Aécio Neves, por sua vez, aproveitando a deixa, também chegou a uma conclusão curiosa: Neste segundo turno vestiu mais a camisa 40 – numa referência ao PSB – do que a camisa 45, o número tucano. Em algum momento essa fatura será cobrada. Pay Attention, PT.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Governo irá monitorar os "afilhados" eleitos na região metropolitana


 
O modelo de gestão implantado no Estado tem sido um dos grandes suportes do projeto presidencial do governador Eduardo Campos. Esse modelo de gestão produziu algumas políticas públicas – caso do Pacto pela Vida – hoje considerada por especialista como uma das mais exitosas políticas de enfrentamento do problema da violência.Antes das últimas eleições, as movimentações que o governador fez no tabuleiro da política local, dizem, teria como  objetivo uma tentativa de dotar algumas cidades estratégicas de uma aparato de gestão pública convergente com o modelo aplicado ao Estado, que está trazendo enormes benefícios em termos de crescimento da economia. Comentou-se à época, que o governador desejava gestores municipais ligados ao Campo das Princesas que reunissem condições de captarem recursos federais e privados, estabelecer um link com Brasília, sem, necessariamente contarem com a sua ajuda. Agora, que algumas cidades já conhecem os seus prefeitos, pelo menos naquelas onde o governador apadrinhou pessoalmente alguns candidatos – comenta-se que ele deverá colocar alguns nomes de sua confiança junto a esses gestores municipais, com o objetivo de transferirem essa tecnologia de gestão e monitorarem o seu desempenho. Moreno, Cabo, Paulista, de acordo com reportagem do Diário de Pernambuco, estão entre essas cidades. A reforma do secretariado permitiria, igualmente, mexer nas peças que não estão dando certo e inserir na equipe "sangue novo", motivado pelos resultados das últimas eleições.

 

 

 

 

Luciano Cartaxo: O PT afirma-se em João Pessoa.


A pouco falávamos da disposição de Lula. Pois é. Desembarca hoje em Fortaleza para pedir votos para Elmano Freitas, que se encontra tecnicamente empatado com Roberto Cláudio, o candidato arranjado pelos irmãos Ferreira Gomes. Também deverá ir a João Pessoa, pedir votos para Luciano Cartaxo, o candidato petista que lidera as pesquisas de intenção de voto. Mais uma vez, com bastante antecedência, afirmamos que Luciano Cartaxo pode encomendar o terno da posse. Apesar das “omissões”- também conhecida como neutralidade, advogada por partidos como o PSB e o PMDB – Cícero Lucena deverá amargar uma derrota nas urnas no próximo domingo. A candidatura do PT em João Pessoa foi resultado de um ato de rebeldia. Comenta-se que haveria um acordo entre Lula e Eduardo Campos no sentido de que o PT da capital apoiasse o nome de Estelizabel Bezerra, cujo nome foi reduzido para Estela por recomendação dos marqueteiros da campanha. Tirada do colete pelo governador Ricardo Coutinho, Estela venceu as prévias, apeando um nome com melhor potencial agregador e densidade eleitoral, o atual prefeito Luciano Agra. Não deu outra. Até o IBOPE esqueceu de colocar o seu nome numa pesquisa de intenção de voto. O PT naquele Estado sempre foi fraco, urbano, dividido e ambíguo do ponto de vista ideológico. Sempre esteve a reboque de outras forças políticas, jamais afirmando uma posição naquela praça. Nas eleições de 2010, por exemplo, esse grupo que hoje encampa a candidatura de Luciano Cartaxo esteve com a raposa José Maranhão, que não fez a menor cerimônia em não apoiá-lo nessas eleições. O grupo mais autêntico – leia-se Luiz Couto – sofreu agruras. As eleições de 2012 é uma ótima oportunidade de afirmação do Partido dos Trabalhadores na capital João Pessoa. Pay Attention, Cartaxo!!!

Nem "Kit Gay" nem a Síndrome Regina Duarte: Nada salva Serra em São Paulo.


Pelo andar da carruagem política, a síndrome Regina Duarte parece não ter surtido muito efeito nas eleições em São Paulo. Até mesmo setores expressivos do segmento evangélico já estariam fechados com a candidatura do ex-ministro da Educação de Lula, Fernando Haddad. Em casa onde falta comida, como diriam nossos avós, todos brigam e ninguém tem razão. É mais ou menos essa a situação da coordenação de campanha do tucano José Serra. Desesperados com os números desfavoráveis, na reta final, tentam de tudo para uma reversão do quadro, hoje francamente favorável a Haddad. Serra vem cambaliante desde o início da campanha, ostentando uma taxa de rejeição altíssima. Comete um erro atrás do outro e o eleitor não costuma perdoar tantos equívocos. Permitiu a identificação de sua candidatura como uma “continuidade” de uma gestão muito mal avaliada, a de Kassab, investiu contra o “Kit Gay” num momento “cor de rosa”, brigou com repórteres ... É puro desespero. Diante dessas circunstâncias, como já afirmamos com muito antecedência – o editor não costuma esperar pelo resultado das eleições para publicar seus artigos – Haddad deverá ser o próximo prefeito de São Paulo. Acreditam alguns que os projetos de Lula para o ex-ministro são bastante ousados. Pensa-se até mesmo no Palácio do Planalto. É preciso combinar, no entanto, com os donos do PT paulista: Marta Suplicy e Aloizio Mercadante. Como observa um analista da Fundação Getúlio Vargas, esses foram os benefícios do Mensalão para o PT: obrigou-o a renovar os seus quadros.

Segundo turno: Lula volta ao velho estilo Lula.


Lula voltou ao estilo Lula. Está animado, andando pelo país, pedindo votos para candidatos petistas, desferindo parábolas contra adversários, retornando àquela conhecida capacidade de se comunicar com as massas, algo em que se tornou um especialista. Faz analogias com a novela das oito, desconstrói imagem e abusa do poder de retórica. Num comício recente, em Campinas, onde o seu candidato Márcio Pochmann disputa a prefeitura com Jonas Donizette, do PSB, Lula afirmou que nunca viu um radialista que distribuía cadeiras de rodas ser bem-sucedido na gestão de um município, numa referência a Donizette, um ex-radialista. Em Guarulhos, outra cidade onde as eleições foram para o segundo turno, em discurso, Lula afirmou ser prudente não confiar muito no tucano, posto que ele costuma comer passarinhos ou até mesmo os ovinhos de passarinhos ainda no ninho. Não sabemos como andam as broncas de Dona Mariza ao ex-presidente, cuja saúde fragilizada exige alguns cuidados, mas o fato é que Lula voltou ao velho estilo Lula. Hoje desembarca em Fortaleza, onde trava-se uma briga de foice entre PSB e PT - os dois candidatos estão tecnicamente empatados - e irá para João Pessoa para consolidar a vitória de Luciano Cartaxo, o primeiro prefeito eleito pelo PT na capital.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Eduardo e Dilma: Uma relação entre tapas e beijos.


 
No dia ontem publicamos uma postagem sobre a nossa avaliação dessa relação entre “tapas e beijos” estabelecida entre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a presidente Dilma Rousseff. Como já afirmamos reiteradas vezes, o que mais incomoda o casal presidencial são as movimentações do governador, um potencial candidato presidencial, peça hoje fundamental no xadrez sucessório, uma alternativa de poder real para as eleições de 2014 e 2018. Para dimensionar alguns aspectos dessa disputa, tomamos como referência o quadro eleitoral do segundo turno na cidade de Uberaba, Triângulo Mineiro, onde Lula e Dilma emprestaram seu apoio ao candidato do PMDB, enquanto Aécio e Eduardo fecharam um acordo de apoio ao candidato do PSB. Partido originalmente de grotões, para continuar alimentando seus planos presidenciais, o PSB precisa urbanizar-se, fincando algumas estacas em regiões como Sul, Sudeste. Há uma outra disputa acirradíssima, em Campinas, onde o próprio Eduardo Campo já teria estabelecido como prioridade das prioridades para o partido. O clima está bastante tenso na cidade e a disputa reveste-se de grandes simbologias. É importante para os projetos presidenciais de Eduardo Campos, fundamental para um provável projeto de reeleição do governador Geraldo Alckmin e, não menos importantes para oxigenar o PT, renovando os seus quadros e perspectivas de continuar no poder pelos próximos anos. Assim como ocorreu em São Paulo, em alguns aspectos, Lula foi muito feliz na escolha de candidatos com o objetivo de renovação dos quadros do partido. Jovens, de mãos limpas, com fama de bons gestores, com sólida formação acadêmica. Este é o caso de Fernando Haddad – já se especula sobre a possibilidade dele ser um quadro que o PT prepara até mesmo para o Planalto – e Márcio Pochmann, ex-diretor do IPEA, professor universitário, com uma identificação muito forte com o petismo. Nessa reta final, movido pelas circunstâncias, Lula vem voltando a utilizar as velhas parábolas que costumava utilizar, adequando o discurso ao momento e à oportunidade. Fala em não trocar o certo pelo duvidoso – quando o adversário do PT é inexperiente – e, até mesmo, esboça um certo preconceito, como ocorreu em Campinas, onde afirmou que não acreditava muito na capacidade gerencial de um radialista que destribuia cadeiras de rodas, numa referência a Jonas Donizette, o candidato do PSB. Esse é o Lula.Logo ele que foi vítima de grandes preconceitos em sua vida. Quanto à relação entre Eduardo e Dilma, acreditamos que o “Moleque” dos jardins da Fundação Joaquim Nabuco já joga com uma ruptura inevitável para os próximos capítulos. Não fossem suficientes todas essas zonas de atrito, ainda aconselhou o deputado Júlio Delgado a lançar seu nome para a Presidência da Câmara, onde Dilma apoia o nome de Henrique Alves, do PMDB.

Eleições em São José do Belmonte: Protesto político ocorrerá agora no Tribunal Regional Eleitoral

 

  

Cidadãos do Sertão Pernambucano, São José do Belmonte, vêm em forma de protesto, agora pela manhã à cidade do Recife, ao Tribunal Regional Eleitoral, fazer a entrega de vídeos que flagram o atual prefeito e o candidato eleito juntos, utilizando-se da máquina pública para compra de votos no município, tendo sido estes já enviados ao Ministério Público para investigação.

Os belmontenses vieram pedir a investigação do crime eleitoral através do abuso de poder econômico, o que influenciou no resultado de uma eleição, decidida por exatos 54 votos. O protesto é também devido ao fato de a população não aceitar que o prefeito recém-eleito do PR, Eugênio Marcelo Pereira Lins (PR), assuma a prefeitura, porque este teve o seu registro de candidatura impugnado em São José do Belmonte, e posteriormente deferido no TRE.
O prefeito eleito sofre processos de desvio e apropriação de recursos públicos, nas prefeituras de Exú e São José do Belmonte. Pede-se que, ao final, se investigue a compra de votos ocorrida durante este pleito em São José do Belmonte.

domingo, 21 de outubro de 2012

Eduardo Campos: O equilíbrio instável de sua relação com o PT


 
Realmente, nas eleições de 2012 estamos presenciando uma nacionalização do embate de forças políticas em condições de disputar o Palácio do Planalto em 2014 ou, como querem os jornalistas, observa-se uma prévia das eleições presidenciais. O PSB, comandado pelo governador de Pernambuco, foi um dos grandes vencedores das eleições municipais, fato que ganhou grande notoriedade. O PSB foi o partido que mais cresceu, embora, como afirma Ciro Gomes, esse crescimento ainda ficou circunscrito às áreas onde o partido já era forte, o que comprometeu sua capilaridade. As alianças do partido, no entanto, Ciro, permitem ampliar esse arco de influência em todas as regiões do país. O PSB vive numa espécie de equilíbrio instável. É base de sustentação do Governo Dilma – o maior aliado do Governo, como faz questão de reafirmar Eduardo Campos – mas não abre mão de fortalecer-se, costurando alianças com um conjunto variado de forças políticas, não abdicando de tornar-se uma alternativa de poder real. A estratégia de Eduardo é tão interessante, conforme comentamos numa entrevista recente, que emparedou o PT num grande dilema: Na medida em que ele come o mingau quente pelas beiradas, o núcleo duro do PT torna-se refém de suas manobras, não podendo prescindir de seu apoio. Em Pernambuco, por exemplo, tanto Dilma quanto Lula lavaram as mãos e não se envolveram diretamente na disputa. Já se comentou até mesmo que Dona Dilma Rousseff poderia aplicar uma espécie de “corretivo” no “Moleque” dos jardins da Fundação Joaquim Nabuco, mas isso foi de imediato descartado. Ela não é boba a esse ponto. O caso de Uberaba, na região do chamado Triângulo Mineiro, dá bem a dimensão do jogo que está sendo jogado para 2014, com uma perspectiva de definição da partida, numa melhor de três, em 2018. Em encontro recente naquela cidade, Aécio Neves e Eduardo Campos trocaram amabilidades em apoio ao candidato Antonio Lerin (PSB), estreitando ainda mais a aliança PSB/PSDB. O candidato do PMDB, Paulo Piau, por sua vez, receberá o apoio do casal presidencial Lula/Dilma, consolidando a aliança PT/PMDB para 2014. Eduardo Campos até teria como entrar no páreo em 2014, fato que vem sendo apresentado como certo por alguns órgãos de imprensa, mas a expectativa maior é que ele será candidato apenas em 2018. Até lá, deverá manter essa relação entre tapas e beijos com o Partido dos Trabalhadores.

sábado, 20 de outubro de 2012

Revista Veja: Empreiteira explora trabalhadores em canteiro do Minha Casa, Minha Vida.

 

VEJA mostra como a secretária de Inspeção do Trabalho, Vera Lúcia Albuquerque, descobriu funcionários mantidos em condições "análogas à escravidão" no interior paulista

Adriano Ceolin
O programa do governo de combate ao trabalho escravo era exemplar... até aparecer uma grande empreiteira adriano ceolin ESCRAVOS Os fiscais do Ministério do Trabalho libertaram 64 trabalhadores abrigados em condições precárias, sem salário e atolados em dívidas TRABALHO O ministro Brizola, que indeferiu o pedido da construtora para sair da “lista suja”, e Vera Lúcia Albuquerque, que pediu demissão por pressões prioridade O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida: vitrine do governo imagem Rubens Menin, dono da MRV: a construtora é a principal parceira do governo
MINHA CASA, MINHA VIDA O programa do governo de combate ao trabalho escravo era exemplar... até aparecer uma grande empreiteira adriano ceolin
 
Na próxima semana, o Diário Oficial da União vai publicar a exoneração de Vera Lúcia Albuquerque, secretária de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho. A servidora ocupava o cargo havia quase dois anos e, nos últimos meses, começou a ser pressionada para não cumprir o seu dever. Em março do ano passado, fiscais do Ministério do Trabalho depararam em Americana, no interior de São Paulo, com uma daquelas cenas que ainda constrangem o Brasil. No canteiro de obras de uma empreiteira responsável pela construção de residências do projeto Minha Casa, Minha Vida -- o mais ambicioso programa habitacional do governo federal para a população de baixa renda --, foram resgatados 64 trabalhadores mantidos em condições tão precárias que, tecnicamente, são descritas como “análogas à escravidão”. Eles eram recrutados no Nordeste e recebiam adiantamento para as despesas de viagem, hospedagem e alimentação. A lógica é deixar o trabalhador sempre em dívida com o patrão. Assim, ele não recebe salário e não pode abandonar o emprego. É o escravo dos tempos modernos.
Fotos: Walter Campana ABR e Elza Fiuza/ ABR
TRABALHOO ministro Brizola, que indeferiu o pedido da construtora para sair da “lista suja”, e Vera Lúcia Albuquerque, que pediu demissão por pressões
TRABALHO O ministro Brizola, que indeferiu o pedido da construtora para sair da “lista suja”, e Vera Lúcia Albuquerque, que pediu demissão por pressões
Os fiscais de Vera Lúcia encontraram trabalhadores em condições irregulares nos canteiros de obras tocadas pela MRV, a principal parceira do governo no Minha Casa, Minha Vida. Isso colocou a construtora na lista das empresas que mantêm seus empregados em condições degradantes, o que as impede de fazer negócios com a União e receber recursos de órgãos oficiais. Assim, em obediência às regras, a Caixa Econômica Federal suspendeu novos financiamentos à MRV, cujas ações perderam valor na bolsa. O que Vera Lúcia não sabia é que muita gente acima dela considera a construtora intocável. Ela conta que começou a receber pressões de seus superiores no ministério para tirar a MRV da “lista suja”. A auditora resistiu, mas as pressões aumentaram muito depois de uma visita de Rubens Menin, dono da MRV, ao ministro do Trabalho, Brizola Neto. Desde então, ela passou a ser questionada pelos assessores do ministro sobre a legitimidade da inspeção da obra de Americana. Um deles chegou a insinuar que os fiscais não tinham critérios nem qualificação para autuar as empresas. “Estão querendo pôr um cabresto político na inspeção do trabalho”, disse Vera, dias depois de renunciar ao cargo.
Germano Luders
IMAGEMRubens Menin, dono da MRV: a construtora é a principal parceira do governo
IMAGEM Rubens Menin, dono da MRV: a construtora é a principal parceira do governo
Após a incursão no Ministério do Trabalho, Menin e diretores procuraram Maria do Rosário, ministra da Secretaria de Direitos Humanos, e Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Eles tentaram demonstrar que os problemas apontados pela inspeção já haviam sido resolvidos. Na conversa com a ministra Maria do Rosário, a construtora se ofereceu para aderir ao Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, convenção entre o governo, entidades da sociedade civil e empresas. “Ainda assim, pelas regras, não havia como tirar a MRV da lista”, disse José Guerra, coordenador-geral da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo.
Além da falta de pagamento de salários e da retenção da carteira de trabalho, os fiscais encontraram o alojamento em péssimas condições de higiene, além de comida de má qualidade e estragada. O relatório da fiscalização listou 44 infrações na obra, comprovadas por meio de fotos e depoimentos de trabalhadores. “Os trabalhadores tinham restringido seu direito de locomoção em razão de dívida contraída com o empregador, da retenção de suas carteiras de trabalho e, principalmente, por meio do não pagamento do salário”, diz o relatório. Assinado por dois auditores fiscais, o documento afirma que a MRV usou empresas terceirizadas para diminuir custos trabalhistas e aumentar a margem de lucro do empreendimento: “Os contratos de prestação de serviços firmados pela MRV não passam de simulacros”. Os fiscais também registraram o fato de que os proprietários das empresas terceirizadas eram ex-funcionários da própria MRV.
Entre 2003 e 2011, o governo flagrou 35 000 trabalhadores mantidos em condições degradantes. A maior parte dos casos ainda ocorre em fazendas do Norte, mas eles já não são mais uma raridade em áreas urbanas. A fiscalização e a inclusão das empresas infratoras no cadastro são os instrumentos mais eficientes para inibir a ação dos exploradores. Vera acredita nisso e não cedeu. Só restou ao ministro Brizola Neto indeferir o pedido de reconsideração feito pela MRV ao ministério. A empresa, porém, conseguiu decisão favorável, em caráter liminar, no Superior Tribunal de Justiça. Por essa razão, setores do governo estudam mudanças nos critérios de inspeção. “Há um debate sobre a necessidade de aperfeiçoar os procedimentos de inclusão de empresas na lista, para evitar que eles possam ser questionados na Justiça, como vem ocorrendo”, informa a Secretaria-Geral da Presidência. Fica a lição: não apenas a escravidão, mas as demais mazelas do país tendem a se perpetuar enquanto as Veras Lúcias do serviço público forem obrigadas a sair do caminho por se recusarem a trair sua consciência e compactuar com o erro.
Claudionor Junior/AE
PRIORIDADEO programa habitacional Minha Casa, Minha Vida: vitrine do governo
PRIORIDADE O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida: vitrine do governo